
Com uma base de dados com cerca de 13 mil imagens documentais, o Arquivo Municipal de Setúbal partilha com o público, todos os meses, documentos que marcam a história, as vivências, as memórias que constroem a identidade do concelho.
Através da partilha do acervo do Arquivo Municipal, revela-se o dia a dia que construiu e continua a construir o código genético de Setúbal.
Arquivos destacam poeta
A par das comemorações do centenário do nascimento de Sebastião da Gama, que suscita variados eventos a decorrer até abril de 2024, promovidos pelo Município, o Arquivo Municipal recorda o recenseamento militar do poeta da Arrábida, sugerindo-se ainda uma leitura complementar sobre o autor, produzida pela RTP
Tal como se pode verificar no registo militar onde consta o assento de mancebos referente a Sebastião da Gama, no documento PT/AMSTB/CMSTB/H/02/23, constante do vasto espólio do Arquivo Municipal de Setúbal, este ato ocorreu no dia 24 de maio de 1944, há exatamente 79 anos.
Ali indica-se ainda que era proveniente da então freguesia de Vila Nogueira de Azeitão e que, à altura, se apresentou como estudante de letras.
No contexto da época, deduz-se que, tendo o poeta nascido a 10 de abril de 1924, significa que aos 20 anos de idade completos e estando sujeito ao cumprimento do serviço militar obrigatório, o assento ocorreu numa data muito próxima à do “Dia D”, ou seja, o desembarque das tropas aliadas na Normandia, em França, a 6 de junho de 1944. Esta operação militar marcaria decisivamente o desfecho dos acontecimentos na Segunda Guerra Mundial, ao conduzir à libertação da Europa do jugo nazi em 1945.
Do autor, que acabaria por ficar livre da guerra, sabe-se que era um inabalável defensor da paz, tal como se descreve:
“Seguiu a cartilha dos afetos como uma pedagogia ou missão de vida. Nos poemas que escrevia, nas aulas de Português que dava, Sebastião da Gama aplicava em tudo sensibilidade, generosidade, amor. Apaixonado pela natureza, defendeu-a quando começou a ser destruída. E na mesma Serra da Arrábida que amava, procurava versos como quem procura flores”. É este o tom do que encontramos sobre o “poeta da Arrábida” numa página de internet da RTP, onda consta um artigo que descreve um documentário sobre Sebastião da Gama e que também pode ser consultado na mesma página.
Embora dirigido a alunos do ensino secundário, pode e deve ser consultado por todos. Adianta o artigo que “havia uma urgência em ser e fazer, como se adivinhasse o fim. Na vida de Sebastião da Gama aconteceu tudo muito cedo e de forma intensa. Começou a fazer poesia ainda estudante, a todos cativava pela generosidade e simplicidade das palavras e dos gestos”. Após uma breve nota biográfica o texto termina com uma citação retirada do livro, publicado a título póstumo em 1953, “Pelo Sonho É Que Vamos”.
Quanto ao vídeo, este começa com uma descrição da viúva, Joana Luísa – de quem se comemora igualmente a passagem do centenário do nascimento –, num apontamento audiovisual em que se mistura a poesia com biografia.
Refere Joana Luísa, logo no início do documentário, que o marido “procurava poemas na serra como quem procura flores e os poemas estavam em determinado sítio onde ele chegava e era como se fosse colher o poema que estava ali”. O documentário produzido pela RTP tem a duração total de 5 minutos e 45 segundos e vale a pena ver ou rever cada instante, contribuindo igualmente para a imortalidade de quem fez o suficiente para a merecer, ainda que cedo tenha partido da vida, apenas com a idade de 27 anos, a 7 de fevereiro de 1952.