Encontro da APPACDM de Setúbal "Inclusão a Torto e a Direito"

O desenvolvimento de respostas articuladas que permitam uma verdadeira educação inclusiva, dotada de mais meios e recursos, foi defendido a 24 de junho pela vice-presidente da Câmara de Setúbal, Carla Guerreiro, num encontro que refletiu sobre a relação da escola com a inclusão.


“Este é um momento de análise e de reflexão, mas também de partilha, de troca de experiências e perspetivas”, sublinhou a autarca na sessão de abertura do encontro “Inclusão a Torto e a Direito – Os Atuais Desafios da Escola para Todos”, organizado pelo Centro de Recursos para a Inclusão da APPACDM de Setúbal.

Na iniciativa realizada no auditório da Escola Básica e Secundária Lima de Freitas, a qual contou com a parceria, entre outros, da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro afirmou que a inclusão de pessoas com necessidades especificas “é um pilar da escola pública que deve mobilizar a todos”.

A vice-presidente da autarquia reiterou que a escola, “na qual crianças e jovens passam grande parte do seu tempo”, desempenha “um papel fundamental no desenvolvimento de pessoas com necessidades especificas”, função “insubstituível que se consubstancia através da articulação de um conjunto de domínios e fatores”.

Nesta perspetiva, Carla Guerreiro destacou “o papel central na promoção da educação inclusiva para garantir que todos, independentemente das necessidades, tenham acesso a uma educação de qualidade, o que implica a criação de ambientes e práticas que tenham em conta as necessidades individuais, as metodologias e os recursos”.

Por isso, reiterou a necessidade de “dotar a escola pública de mais meios e recursos”, técnicos e humanos, “com profissionais capacitados e devidamente formados para o apoio a pessoas com necessidades especificas”, os quais devem ser complementados em parcerias com entidades “experientes” no âmbito da educação inclusiva.

Apesar da existência de legislação, a vice-presidente do município disse que a mesma só “é aplicada parcialmente, sobretudo no que diz respeito às responsabilidades partilhadas”, as quais, no caso da saúde, são ainda mais limitadas. “É fundamental que a educação e a saúde trabalhem em conjunto, o que, muitas vezes, não acontece.”

A autarca disse ainda que a escola, a qual se constitui de particular importância na “na sensibilização e consciencialização da comunidade, deve garantir que os espaços sejam acessíveis a todos, sem barreiras arquitetónicas físicas e, também, emocionais, proporcionando a todos meios que permitam a participação”.

No encontro, Carla Guerreiro elencou ainda um conjunto de domínios de atuação no âmbito da educação inclusiva, nomeadamente nos campos da justiça social e dos direitos humanos, os quais, frisou, “permitem que todos sejamos agentes da mudança das próprias vidas e na comunidade”.

A autarca destacou ainda que a inclusão “é essencial para a construção de uma sociedade diversa e solidária, ao mesmo tempo, mais justa e mais desenvolvida, com o objetivo de promover o respeito à dignidade, fortalecer a coesão social, gerar benefícios económicos e permitir que todos os indivíduos alcancem o seu potencial”.

O encontro “Inclusão a Torto e a Direito – Os Atuais Desafios da Escola para Todos”, o qual contou com o apoio do Centro de Formação Ordem de Santiago, teve ainda, na sessão de abertura, uma intervenção a cargo do presidente da APPACDM de Setúbal, José Maria Salazar.

Ao longo do dia, o evento reservou várias intervenções que explanaram sobre a relação entre a escola e a inclusão, num programa que reservou vários apontamentos culturais, com momentos de dança, literatura e música, e que se mostrou verdadeiramente inclusivo ao disponibilizar uma intérprete para tradução em Língua Gestual Portuguesa.