Setúbal foi um dos municípios presentes no adapt.local.23 – Seminário de Adaptação Local às Alterações Climáticas

A vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal realçou no dia 24, em Lagos, algumas medidas adotadas no concelho para combater as alterações climáticas e apontou as principais condicionantes ao desenvolvimento de estratégias para a adaptação climática.


“A principal barreira relativa à ação climática é a falta de financiamento. As intervenções estruturais de adaptação climática necessitam de fortes recursos financeiros que os municípios não possuem”, vincou Carla Guerreiro, num discurso no “adapt.local.23 – Seminário de Adaptação Local às Alterações Climáticas”, no Hotel Vila Galé de Lagos.

Este seminário foi organizado pela associação adapt.local – Rede de Municípios para a Adaptação Local às Alterações Climáticas e reuniu várias especialistas na reflexão sobre os atuais desafios nesta matéria.

Carla Guerreiro, que interveio no painel “Adaptação Climática Local e os Desafios Políticos Locais”, lamentou, além da falta de financiamento, a escassez de “recursos qualificados nos municípios que possuam conhecimentos para conceber e implementar respostas eficazes na preparação do território para os impactes das alterações climáticas”.

Num painel em que participaram também os presidentes das câmaras municipais de Tavira, Ana Paula Martins, e de Odemira, Hélder Guerreiro, a autarca referiu, entre outras medidas, que o concelho implementou “projetos inovadores como o das bacias de retenção do Parque da Várzea associadas à construção de um parque urbano” com soluções de base natural.

“Esta alteração de abordagem da conceção do espaço público ainda é muito recente, o que traz constrangimentos à sua implementação. A população de Setúbal apenas no último ano fez as pazes com aquela intervenção ao perceber que toda a área metropolitana estava a sofrer com inundações, exceto Setúbal. Ou seja, ao perceber que o Parque da Várzea defendeu a Baixa de inundações”, destacou.

A vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal disse que o concelho “depara-se com a dificuldade que a maioria dos municípios portugueses também enfrenta” no que diz respeito à adaptação climática.

“Os desafios das alterações climáticas no território não são estáticos. Os seus impactes estão a sentir-se e a agravar-se rapidamente, obrigando a que haja flexibilidade em todo o processo de planeamento”, acrescentou.

Carla Guerreiro mencionou que Setúbal participou no projeto PLACC – Arrábida, um Plano Local de Adaptação às Alterações Climáticas com o objetivo criar estratégias locais de adaptação nos três concelhos do território Arrábida – Setúbal, Palmela e Sesimbra – que permitam reforçar a sua resiliência às alterações climáticas.

“Este foi um projeto-chave para o município, permitindo dotar o território da cenarização climática, aumentando o conhecimento sobre os seus riscos e vulnerabilidades, de forma a priorizá-los. Pela nossa experiência, serviu para capacitar vários atores, fortalecer relações com stakeholders e promover boas práticas de governança. O trabalho colaborativo, e em rede, funciona e consideramos que esta é uma abordagem de futuro no ordenamento do território”, prosseguiu a vice-presidente.

Ainda sobre as medidas adotadas em Setúbal, no que respeita às alterações climáticas, salientou a produção do Plano de Ação Climática (PAC), instrumento que congrega a mitigação, para redução da emissão de gases com efeito de estufa, e a adaptação, com a adoção de medidas que preparam o território.