A Câmara Municipal de Setúbal está a dinamizar um conjunto de atividades destinadas a crianças e jovens dos 10 aos 19 anos no âmbito do concurso nacional História Militar e Juventude, integrado nas Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril.
A iniciativa, conduzida pelo Serviço Educativo do Arquivo Municipal, visa a preparação dos alunos dos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e do secundário para a participação na quarta edição do certame, este ano com o tema “O 25 de Abril na minha terra”, organizado pela Comissão Portuguesa de História Militar e pela Associação de Professores de História, em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril.
Numa ação realizada no dia 28 de fevereiro, Antonieta Saragoça e Pedro Soares, da Delegação de Setúbal da URAP – União de Resistentes Antifascistas, partilharam com alunos do 9.º ano da Escola Básica e Secundária Lima de Freitas algumas experiências vividas no período da transição da ditadura para a democracia.
Os oradores fizeram uma caracterização do período final do Estado Novo e dos primeiros tempos após o 25 de Abril, centrando-se especialmente na guerra colonial e no fenómeno do acolhimento dos retornados das ex-colónias.
A antiga professora Antonieta Saragoça recordou um período “em que não se podia ter conceções diferentes da sociedade e debatê-las livremente”, sob pena de prisão, tortura e até morte, e destacou que o desígnio de “manter a democracia arduamente conquistada cabe a todos”, sobretudo aos jovens.
Antonieta Saragoça relatou também o modo como se deu a inserção na vida social das pessoas provenientes das ex-colónias, classificando o processo como “difícil e complexo”, num “país empobrecido e sem um plano de ação global para acolher tantas pessoas ao mesmo tempo”.
Estima-se que tenham vindo para Portugal após o 25 de Abril de 1974 entre 600 mil a 1 milhão de pessoas, designadamente através das pontes áreas contínuas estabelecidas.
Pedro Soares, antifascista e desertor da guerra, recordou a experiência enquanto foragido em França para evitar ser enviado como combatente em África e destacou a coragem necessária para se fazer esta fuga “sob um muito apertado escrutínio da PIDE, que vigiava de perto os movimentos e as conversas dos jovens masculinos e em idade de serem incorporados para combater”.
A iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Setúbal culmina com as tertúlias “Senha e contrassenha de Abril – As músicas que ecoaram a Liberdade”, nos dias 19 e 20 de março, com a participação da Delegação de Setúbal da URAP – União de Resistentes Antifascistas e da AJA – Associação José Afonso.
Mais informações sobre o concurso História Militar e Juventude podem ser consultadas aqui.
