Perante uma sala completamente esgotada, com pessoas a terem de ficar de pé para assistir às atuações dos seis finalistas, o jovem de 24 anos, de Sintra, convenceu não apenas o júri da prova, mas também a plateia, reunindo um total de 51 votos, o suficiente para conquistar o prémio do público.

João Pereira Bastos, diretor do Fórum Municipal Luísa Todi e presidente do júri, adiantou que a escolha da equipa de jurados, embora “sempre difícil”, foi tomada “em absoluta unanimidade”.

O júri incluía também a fadista Joana Amendoeira, convidada pela organização do evento, e o músico Carlos Jorge Espanhol, em representação da Sociedade Musical Capricho Setubalense, coletividade parceira da Câmara Municipal de Setúbal na organização da prova.

Apesar de desde sempre ligado ao mundo da música, André Gomes “de maneira nenhuma estava à espera destes prémios” e confessa que o êxito obtido pode dar a determinação que faltava para enveredar em definitivo por uma carreira no fado, apesar de também gostar de outros géneros, como o hip-hop, e de ser músico numa banda filarmónica.

“Principalmente sensibilizado pela escolha do público”, o jovem fadista amador preocupa-se agora com um dos prémios que conquistou. “Ainda não tenho bem a noção do que significa atuar na Feira de Sant’Iago. Nunca cantei para tanta gente junta. Ainda falta algum tempo, mas já sinto uma responsabilidade enorme pela confiança que me é depositada”, sublinhou André Gomes sobre o direito a participar num dos maiores certames realizados no Sul do País.

A juntar à atuação na Feira de Sant’Iago, André Gomes ganhou ainda um fim de semana para duas pessoas no Hotel do Sado e um prémio pecuniário. Tudo isto a dobrar, com exceção da presença no cartaz do certame sadino, uma vez que o jovem fadista arrecadou tanto o prémio do júri, como do público.

A setubalense de 16 anos Joana Lança ganhou a vaga restante no cartaz da Feira de Sant’Iago, por ter ficado em segundo lugar nas notas atribuídas pelo júri da prova.

Raul Fernandes, 34 anos, da Costa de Caparica, ficou na terceira posição e, tal como Joana Lança, ganhou um prémio pecuniário.

O vereador com o pelouro da Cultura da Câmara Municipal, Pedro Pina, sublinhou no momento da entrega dos prémios que o Concurso de Fado Amador de Setúbal “é mais um exemplo, entre muitos possíveis, daquilo que é a estratégia delineada para uma cidade virada para a cultura”.

Para o autarca, a aposta no desenvolvimento cultural passa também por fortes parcerias entre a Autarquia e outros agentes do concelho, nomeadamente do movimento associativo, realçando a estreita relação estabelecida com a Capricho Setubalense na organização do concurso de fado amador.

O presidente daquela coletividade sadina, Nuno Marques, salientou precisamente “a parceria cada vez mais forte com a Câmara Municipal”, o que, considera, faz com que a prova cresça a cada ano.

Nuno Marques recordou ainda que, entre as duas semifinais e a final, passaram pela Capricho Setubalense cerca de 600 pessoas e que, nas três noites, foram vários os elementos da coletividade que garantiram o bem-estar do público e dos artistas. “Por exemplo, o serviço de jantar nesta gala final foi totalmente assegurado pelos músicos da banda da Capricho”, acrescentou.

O contrário das semifinais, a gala final do VI Concurso de Fado Amador de Setúbal incluiu um jantar, tornando ainda mais castiço o ambiente vivido na Capricho.

De resto, a boa disposição partilhada pelo público também imperou no grupo de participantes, que, juntos na mesma mesa, ao longo de toda a noite, primaram pelo fair-play e pela troca de impressões, principalmente, claro está, sobre fado.

Além de André Gomes, Joana Lança e Raul Fernandes, participaram na final Marília Pais, Francisco Valentim e Maria de Jesus Ferreirinha.

Os fadistas foram acompanhados ao longo da noite por Custódio Magalhães, na guitarra portuguesa, e Vítor Pereira, na viola de fado.

O serão contou ainda com a atuação especial de Joana Amendoeira. A fadista confessou já ter passado pela experiencia de ser júri noutras provas, sublinhando que “se trata sempre de um desafio”.

A fadista realçou igualmente a importância que eventos desta natureza têm para os artistas amadores, “sendo uma mais-valia, capazes de projetar novos intérpretes de fado”.

O Concurso de Fado Amador contou ainda com os apoios da empresa Gasvari, da Junta de Freguesia de Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra, da Rádio Amália e da Fundação Buehler-Brockhaus.

Hans-Peter Brockhaus, de naturalidade alemã e há vários anos a viver em Setúbal, realçou que o fado “merece todo o apoio, não apenas como divertimento, mas como uma arte maravilhosa que é, com todo o mérito, património imaterial da humanidade”.

O mecenas adiantou que a Fundação Buehler-Brockhaus deseja voltar a apoiar o concurso setubalense na edição de 2015 e expressou, em tom de brincadeira, satisfação por não ter integrado a equipa de júri. “Caso contrário haveria com certeza mais vencedores do que aqueles permitidos pelo regulamento.”