Presidente da Câmara, André Martins, e Inês Câmara, sócia-gerente da Mapa das Ideias, após assinarem o protocolo para o Projeto DEXPO.

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, afirmou em 13 de outubro, após assinar um protocolo no âmbito do Projeto DEXPO, de educação ambiental em contexto escolar, que o concelho está a tomar medidas para enfrentar seriamente as alterações climáticas.


“É, de facto, essencial preparar o território para o embate das alterações climáticas e Setúbal está empenhada neste combate. Vivemos momentos decisivos no que diz respeito ao clima do nosso planeta”, advertiu o autarca, saudando os técnicos portugueses, húngaros, eslovenos e checos especialistas em formação e comunicação que, após três dias de ações realizadas em Lisboa, concluem em Setúbal, em 13 e 14 de outubro, o segundo workshop do Projeto DEXPO realizado em Portugal.

O município assinou o protoloco com a empresa Mapa das Ideias no âmbito do Projeto DEXPO “Think critical 4(four) climate” (pense criticamente, proteja o clima), que decorre até 2024 e é cofinanciado pelo programa europeu “Erasmus +”, ao qual Setúbal aderiu.

O consórcio constituído para a implementação deste projeto integra a empresa portuguesa Mapa das Ideias e três organizações não-governamentais com origem na Hungria, Chéquia e Eslovénia, a Anthropolis, a Arpok e a Humanitas, respetivamente.

A Mapa das Ideias já tinha colaborado com o município de Setúbal no desenvolvimento do plano de ações “Comunicação e Sensibilização em Cenários de Risco Associados às Alterações Climáticas”, com a criação do jogo didático “Riscos Aprender e Evitar – Edição Alterações Climáticas”, que ficará em breve disponível para os alunos do concelho através da rede de bibliotecas escolares.

Ao sublinhar a importância deste tipo de iniciativas – tendo o workshop de Setúbal sido enquadrado no Dia Internacional da Redução do Risco de Catástrofes, que se assinala em 13 de outubro –, André Martins indicou que o protocolo “representa a oficialização de uma parceria que visa a realização de um conjunto de ações de grande importância em matéria de informação e sensibilização ambiental”.

André Martins recordou que o Projeto DEXPO visa a “produção de conteúdos para educadores formais e informais que desenvolvam projetos com crianças e jovens subordinados à proteção do ambiente ou à comunicação de riscos em cenários de alterações climáticas”.

O objetivo do projeto é desenvolver novos métodos que possam ser usados em sala de aula para promover o pensamento crítico, a alfabetização mediática e a participação ativa na abordagem às questões ambientais com os jovens. Vai ainda ser desenvolvido um curso online aberto em cinco idiomas, elaborado um manual educativo e trabalhada a capacitação dos técnicos dos diferentes parceiros envolvidos.

O workshop, uma das ações previstas no protocolo assinado com a Mapa das Ideias, é um tipo de iniciativas que está “em linha” com as preocupações do Município quanto à defesa do ambiente, as quais têm sido transformadas em “ações concretas”, como sublinhou o presidente da Câmara.

“A Câmara Municipal de Setúbal tem vindo a trabalhar a questão das alterações climáticas desde 2014, ano em que aderiu ao movimento do Pacto de Autarcas. As alterações climáticas são um dos grandes desafios do nosso tempo”, afirmou.

Ao recordar que a autarquia tem “desenvolvido vários projetos no âmbito da ação climática, nomeadamente nas áreas da energia, da mobilidade sustentável, da economia circular, da governança, do planeamento e uso do solo e também da comunicação e educação ambiental”, considerou o plano local de adaptação às alterações climáticas para o território da Arrábida, o PLAAC – Arrábida, um “excelente exemplo” dessas ações e parcerias.

“A nova Lei de Bases do Clima, que entrou em vigor a 1 de fevereiro, reconhece a emergência em que nos encontramos e define as bases da política climática, clarificando os seus objetivos e princípios da política do clima, bem como os direitos e deveres nestas questões. Fica, ainda, definido que todos os municípios têm até ao fim de 2023 para aprovarem os seus planos municipais de ação climática”, sublinhou.

André Martins lembrou que, para contribuir para não se ultrapassar “o grau e meio de aquecimento previsto pelo acordo de Paris”, Portugal deve “alcançar a neutralidade climática em 2050”, tendo, para isso, sido definidas “metas de redução de emissões de gases de efeito de estufa de menos 55 por cento até 2030 e de menos noventa por cento até 2050”, o que considerou “um desafio fortíssimo”.

Inês Câmara, sócia-gerente da Mapa das Ideias, destacou o comportamento do Município de Setúbal quanto ao seu envolvimento no combate às alterações climáticas. “Para nós tem sido uma descoberta do ponto de vista da coerência. A sensação é de que neste município o projeto é integral, porque tem o compromisso com a educação, tem o compromisso com a proteção civil. Há uma estratégia a longo prazo”, disse.

Na sessão da manhã de 13 de outubro, foram apresentados projetos da autarquia subordinados à educação para o risco e à educação ambiental, numa partilha de experiências com os técnicos nacionais e estrangeiros presentes.

Alexandre Alegria, da Proteção Civil Municipal, abordou o plano de ações “Comunicação e Sensibilização em Cenários de Risco Associados às Alterações Climáticas” e Márcia Pacheco e Joana Anjos, do Departamento de Educação e Bibliotecas, deram a conhecer o “Programa Municipal de Educação pela Arte e pelas Ciências Experimentais”.

Alexandre Alegria recordou o trabalho realizado nas escolas no Mês dos Riscos Associados às Alterações Climáticas, num total de 67 ações que abrangeram 20864 estudantes, tendo disso distribuídos 2611 kits de emergência a alunos dos terceiros e quarto anos de escolas públicas e privadas e produzidos dois vídeos que tiveram mais de 1500 visualizações na plataforma Youtube.

“É obrigatório dizer às pessoas como se podem comportar nos cenários de desastres naturais e como os podem evitar”, afirmou, depois de recordar a tragédia dos incêndios em Pedrógão Grande, em 2017, e o embate do furacão Leslie nas regiões da Figueira da Foz, Coimbra e Leiria, em 2018.

Márcia Pacheco e Joana Anjos referiram que o “Programa Municipal de Educação pela Arte e pelas Ciências Experimentais”, iniciado em 2018 com o objetivo de ajudar as escolas a encontrarem novas estratégias para combater o insucesso escolar, alcançou 10139 alunos, 544 professores e 424 turmas, num total de 3259 sessões, estando já inscritos 86 por cento dos professores do ensino pré-escolar e do 1.º ciclo para o ano letivo de 2022/2023.

Em 13 de outubro foram ainda apresentadas boas práticas de projetos de comunicação e sensibilização para a sustentabilidade e defesa do ambiente, pela Escola Secundária D. Manuel Martins – que apresentou o projeto Centro de Interpretação Ambiental das Manteigadas –, pelo Agrupamento de Escolas de Azeitão / ACM-YMCA e pela Escola Superior de Educação de Setúbal do Instituto Politécnico de Setúbal.

No dia 14 há visitas técnicas a um conjunto de locais do concelho que o recente estudo o PLAAC – Arrábida utilizou como cenários de risco ou onde estão materializadas as primeiras grandes obras de adaptação às alterações climáticas, como a bacia de retenção da Várzea, realizando-se depois a reunião de fecho e balanço dos cinco dias do workshop, no Forte de Albarquel

O projeto é acompanhado por três serviços do Município de Setúbal, o Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros, a Divisão de Gestão e Projetos Educativos (do Departamento de Educação e Bibliotecas) e o Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável e Emergência Ambiental, tendo as atividades realizadas entre 10 e 12 de outubro na Biblioteca de Belém, em Lisboa, contado com a representação de técnicos destas três unidades.