O entusiasmo era grande entre os moradores que aguardavam a chegada de Marcelo Rebelo de Sousa. A noite fria, com vento e chuva, não demoveu crianças, jovens, adultos e idosos de receber o chefe de Estado, que chegou poucos minutos depois das 19h00.

Recebido em euforia, o Presidente da República distribuiu beijos e abraços, partilhou afetos e recordou peripécias, como a vez quando, em miúdo, acampou no Forte de S. Filipe, em Setúbal. A história, já com largas décadas, veio à memória quando vislumbrou, à distância, a fortaleza iluminada.

No Forte da Bela Vista, Marcelo Rebelo de Sousa começou por visitar o passeio pedonal “O Despertar”, projeto de reabilitação do espaço público impulsionado pelos moradores, com um miradouro, zonas de estadia e de recreio, espaços desportivos e um parque infantil.

A intervenção resultou de uma proposta de beneficiação feita pela comunidade local no âmbito do programa municipal Nosso Bairro, Nossa Cidade, impulsionada pela Associação de Moradores do Forte da Bela Vista, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal, da Junta de Freguesia de São Sebastião e de empresas.

“Isto ficou muito bem feito e bonito”, sublinhou, depois de observar as várias valências do equipamento público que reabilitou a barreira do Forte da Bela Vista. E também as experimentou. Primeiro, ao empurrar crianças em baloiços, depois ao testar máquinas geriátricas disponíveis na área desportiva.

Para o Presidente da República, o Forte da Bela Vista é um modelo a seguir. “É um exemplo. Faz hoje [11 de dezembro] 69 anos que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um dos princípios fundamentais é a máxima igualdade possível entre as pessoas e isso faz-se todos os dias em bairros como este.”

A visita ao Forte da Bela Vista era uma ideia que Marcelo Rebelo de Sousa tinha há já algum tempo. “Tive conhecimento de que este bairro era um caso sério de empenho dos moradores e que tinha ‘dado a volta’, com o apoio da Câmara Municipal de Setúbal e da junta de freguesia local.”

A visita àquele bairro setubalense ganhou maior significado pela celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, efeméride instituída pela Unesco em 1968. “O Forte da Bela Vista reúne culturas, experiências e visões da vida diferentes. Lutar pelos direitos é um dever de cada um. E, aqui, os moradores lutam.”

Depois do passeio pedonal, Marcelo Rebelo de Sousa andou pelo Forte da Bela Vista. Sempre que solicitado, tirou fotografias e acenou a moradores nas janelas. “A roupa enxuga aí numa noite destas?”, questionou, em brincadeira, a uma moradora. A resposta, foi surpreendente. “Uma maravilha!”

Surpresa foi também a visita do chefe de Estado a uma das habitações do bairro municipal, uma casa adaptada a uma pessoa com mobilidade reduzida. Entrou e sentou-se de sofá, com o morador e a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, a conversar e a assistir televisão.

O bairro, que “parecia estar a morrer, como disse uma das moradoras, renasceu”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, para deixar na Bela Vista a garantia de “apoiar todas as iniciativas que partam das pessoas com este objetivo de criar melhores condições de vida e de igualdade”.

O Forte da Bela Vista “é um exemplo, mas há mais projetos como este, não só pelo país como mesmo aqui ao lado”, aludindo à arte urbana que conhecera minutos antes nas empenas da Alameda das Palmeiras. “Cabe-me agradecer tudo o que foi feito, em cinco anos, para chegar aqui.”

A presidente da autarquia destacou que a visita do Presidente ao Forte da Bela Vista “é o reconhecimento público do profundo trabalho de transformação que, desde 2012, tem vindo a acontecer nestes bairros da Bela Vista”.

A autarca frisou que o programa municipal Nosso Bairro, Nossa Cidade é um trabalho conjunto que está a mudar a realidade do território. “Este é um novo concelho e os bairros não ficam para trás. Os bairros da Bela Vista não são guetos. Estes bairros são cidade, como tantos outros que temos.”

A visita presidencial a Setúbal culminou na EB da Bela Vista, com o Presidente da República a assistir a um apontamento musical do Grupo Afro-Axé Sant’Iago Olodum, a que seguiu um jantar com cachupa e uma típica caldeirada de choco setubalense.