“Estamos a criar, com um modelo inovador, mais condições para a promoção e fruição da cultura e das artes”, sublinhou a presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, na cerimónia de inauguração do novo equipamento, localizado na Rua Detrás da Guarda, junto da Praça de Bocage, no centro da cidade.

A Casa da Cultura, com múltiplas valências de aprendizagem e criação artística, renova a “construção permanente da que é a cultura da cidade”, reforçou a autarca, frisando: “Os setubalenses recuperam hoje um dos mais importantes espaços de história e cultura do Concelho.”

O novo equipamento, instalado no edifício onde funcionou o Círculo Cultural de Setúbal, instituição ligada à luta antifascista, à promoção da cidadania e ao incremento do acesso à cultura, constitui um “espaço de evocação de memórias e de projeção do futuro”, assinalou Maria das Dores Meira, enaltecendo a forma inovadora de utilização do espaço.

“Avançamos para um modelo de gestão cultural que privilegia as parcerias com instituições e retira da Autarquia o foco de todas as responsabilidades na criação e promoção de cultura”, vincou.

A Casa da Cultura, polo de concentração cultural e gerador de novas dinâmicas sociais, tem atividades de música, cinema, teatro, dança e fotografia dinamizadas regularmente por associações da cidade, algumas delas com espaços próprios no imóvel.

O novo local de fruição e partilha cultural da cidade conta com centros de documentação, espaços para a música e para as artes plásticas, áreas multiusos e zonas de lazer e restauração.

A Galeria de Exposições e o Café das Artes, o qual, em articulação com Pátio do Dimas, espaço de ar livre com um jardim vertical numa das paredes, funciona como café-concerto e área para encontros, são valências instaladas no piso térreo.

“Esta é uma homenagem justa a Dimas Pereira, um dos grandes impulsionadores do Círculo Cultural, músico dos Galés, professor nas aulas de ensino para adultos que o Círculo, durante anos, promoveu neste espaço, e velho antifascista que a cidade justamente reconheceu com a sua medalha de honra”, enalteceu Maria das Dores Meira.

No piso térreo foi também criada uma área para o Gabinete da Juventude da Câmara Municipal de Setúbal, com um centro de informação e divulgação de iniciativas nacionais e internacionais para jovens, um centro de formação para acolher ações de formação e um espaço multimédia dotado de equipamento informático multiuso.

No Centro de Documentação, Estudo e Promoção da Canção Popular Portuguesa, instalado no primeiro piso e promovido pela Associação José Afonso, foi entoada durante a inauguração, em visita aberta à população, a música “Grândola, Vila Morena”, um momento de exaltação ao cantautor português.

Igualmente no primeiro andar da Casa da Cultura funciona o Espaço das Artes, dinamizado pela Artiset – Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, piso que possui ainda um auditório multiusos, denominado Sala José Afonso.

Ao lado, o Salão Nobre da Casa da Cultura, uma das principais atrações do equipamento municipal, centra atenções com vários elementos originais do espaço restaurados, como um fresco pintado no teto e um antigo lustro, agora eletrificado, e as paredes forradas a tecido. Junto da sala, um Centro de Documentação Local, a cargo do Centro de Estudos Bocageanos, promove a vida e obra de Bocage.

Uma Escola de Música, com três salas, valência explorada pela Sociedade Musical Capricho Setubalense, está instalada no segundo piso da Casa da Cultura. Uma Sala de Ensaio, espaço disponível a bandas de garagem e outras formações musicais, e um Estúdio de Gravação áudio são outras valências existentes no último andar do edifício.

O novo equipamento, dotado de um elevador central que serve os três pisos do imóvel, possui ainda biblioteca, livraria, discoteca, videoteca e uma área de comercialização das futuras produções da Casa da Cultura e de obras relacionadas com a atividade das associações parceiras.

O projeto “Refuncionalização do Edifício do Círculo Cultural de Setúbal – Casa da Cultura”, integrado no Programa ReSet – Regeneração Urbana do Centro Histórico de Setúbal, representa um investimento global de 2 milhões, 540 mil e 212,32 euros, montante comparticipado por fundos comunitários, com uma taxa de 65 por cento, através do PORLisboa – Programa Operacional Regional de Lisboa, ao abrigo do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional.

“Acreditamos que este é um investimento que faz o futuro da nossa cidade, porque sem cultura, sem artes, não é possível assegurar a continuidade da nossa identidade, daquilo que somos”, afirmou a presidente da Câmara Municipal.

Depois do discurso que marcou a inauguração oficial da Casa da Cultura, seguiu-se um apontamento musical de Filipe Narciso e uma visita às instalações com a abertura ao público das várias valências e a assinatura dos protocolos com as entidades parceiras, no Salão Nobre do equipamento.

Os responsáveis das instituições com espaços de dinamização cultural no novo equipamento afirmaram, unanimemente, as mais-valias de promoção e criação artística da Casa da Cultura, potencialidades que renovam a identidade coletiva setubalense.

Na Galeria de Exposições, os visitantes presentes na inauguração foram recebidos com uma mostra sobre Zeca Afonso, intitulada “Geografias de uma Vida”, enquanto uma outra mostra estava patente no Espaço das Artes. Já na Sala José Afonso, foi projetado um documentário sobre Setúbal.

A música, uma forte componente na programação da Casa da Cultura, continuou de noite, com um concerto defronte do edifício em que participaram os gaiteiros Bardoada e a Banda do Andarilho, a que seguiram leituras encenadas pelo Teatro Estúdio Fontenova, no Pátio Dimas.

O programa de inauguração da Casa da Cultura começou de manhã, ainda no exterior edifício, com pintura de graffiti, por Mário Gaspar, e ao vivo, pela Artiset, a que se seguiu, de tarde, muita música, intercalada por apontamentos de teatro do TAS.

A Casa da Cultura é um dos espaços culturais criados ou requalificados recentemente pela Câmara Municipal, lista em que se inclui a Casa da Baía, espaço de divulgação cultural e turística do Concelho, e os renovados Cinema Charlot – Auditório Municipal, Casa do Corpo Santo e, em meados de setembro, o Fórum Municipal Luísa Todi.

Para o início de 2013, está programada a abertura de uma nova galeria de artes nas renovadas instalações do antigo Quartel do 11, adquiridas pela Câmara Municipal para albergar a Escola de Hotelaria e Turismo de Setúbal.

“Esperamos ter, igualmente no decorrer de 2013, o nosso mais importante monumento nacional, o Convento de Jesus, onde sempre esteve instalado o Museu da Cidade, recuperado e pronto a funcionar, de novo, como espaço de cultura e de memória da cidade”, manifestou Maria das Dores Meira.

A Casa da Cultura funciona de segunda a quinta-feira das 09h00 às 23h00, às sextas e sábados das 09h00 à 01h00 e aos domingos das 09h00 às 20h00, já com programação definida até ao final do ano (ver ficheiro em anexo). “Queremos que este espaço seja intensamente utilizado por todos. Usufruam”, referiu a autarca.