O presidente da Câmara Municipal, André Martins, destacou a 27 de janeiro a importância do Clube de Campismo de Setúbal na luta antifascista, durante a cerimónia comemorativa do 77.º aniversário da coletividade, realizada no Parque de Campismo da Gâmbia.
“Comemorar mais um aniversário do clube de Campismo de Setúbal no ano em que se assinalam os 50 anos da revolução de Abril assume especial significado para todas e para todos os que aqui se fizeram antifascistas e ajudaram a derrubar um regime que reprimiu e puniu quem ousava pensar de forma diferente”, acentuou o presidente da Câmara.
André Martins sublinhou que “o campismo despertou consciências, mobilizou vontades de lutar, educou” e recordou dirigentes e associados do clube que foram presos pela PIDE, “por causa do seu combate ao regime fascista”, como Álvaro Rodrigues, Dimas Pereira, Fernando Rodrigues, Jorge Pinheiro da Silva, Virgílio Inácio, Arlindo Pereira, José Pinho, Maria Adelaide Silva, Renato Nogueira e Sílvia Maldonado.
O autarca lembrou que, localizada junto da Igreja de São Julião, na “velha sede do clube”, onde havia uma “suculenta biblioteca e interessantíssima coleção de numismática”, discutia-se política, literatura, cinema e artes plásticas, num tempo “em que era preciso olhar por cima do ombro para ver se alguém ouvia conversas apodadas de subversivas”.
O autarca afirmou que “muitos homens e mulheres fizeram deste clube um foco que irradiou liberdade” e salientou que, embora “muitos destes antifascistas e campistas” já tenham partido, “por cá continuam muitos dispostos a continuar a combater os fascistas que, afinal, nunca deixaram de andar por aí”.
Ao sublinhar que o Clube de Campismo de Setúbal é “uma das mais destacadas associações” do concelho e tem uma história de 77 anos de “puro e aperfeiçoado exercício da cidadania e da democracia”, considerou que ali “fez-se a revolução” que “acabou com as velhas e iníquas estruturas do regime fascista”, que “trouxe a democracia” ao país e abriu aos portugueses “as portas ao mundo”.
Recordou ainda que foi o movimento campista que gerou “muitos dos primeiros ecologistas portugueses”, tendo sido entre os que acampavam, “como forma de encontrarem espaços de liberdade isentos de denunciadores fascistas”, que se formaram “muitos ambientalistas”.
O secretário da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, João Carrasquinho, notou que esta autarquia tem um protocolo de apoio à atividade do Clube de Campismo de Setúbal, instituição de utilidade pública fundada a 1 de janeiro de 1947. “Enquanto junta de freguesia temos uma grande proximidade com o movimento associativo.”
A comemoração do 77.º aniversário do Clube de Campismo de Setúbal, presidido por Carlos Cabedal, contou com uma sessão solene na qual foram atribuídos emblemas aos associados com 25 e 50 anos de filiação e com um almoço.
Marcaram presença, entre outros, o presidente da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, Carlos Queiroz, a diretora da Associação das Coletividades do Concelho de Setúbal, Lia Peres, e a vice-presidente da Federação das Coletividades do Distrito de Setúbal, Anabela Rito.
