O encontro, promovido no âmbito do Festival do Carapau Manteiga, teve como principal objetivo gerar o debate em torno de soluções que valorizem a economia do mar, nomeadamente do setor das pescas e, especificamente, do carapau manteiga, espécie característica da costa entre Setúbal e Sines e para a qual decorre um processo de qualificação.

Com o título “Desenvolvimento Sustentável das Pescas e do Turismo da Região de Setúbal – Carapau Manteiga de Setúbal: Indicação Geográfica Protegida?”, o colóquio contou com a participação do presidente da Sesibal – Cooperativa de Pescas de Setúbal, Sesimbra e Sines, que fez um enquadramento histórico e de caracterização daquela espécie da costa do concelho sadino, apontando pistas para a valorização e promoção da mesma.

Para Ricardo Santos é urgente projetar a costa entre Setúbal e Sines como uma zona com potencial económico, rica em biodiversidade devido à abundância de plâncton, de que é prova a variante específica do carapau manteiga, espécie muito procurada no mercado devido ao sabor único.

O biólogo e investigador Antunes Dias, que fez a apresentação “A importância do estuário e das zonas costeiras como zonas de viveiros para o ambiente marinho”, sublinhou, igualmente, a relevância das áreas costeiras precisamente devido à profusa biodiversidade que nelas se encontra, de que a costa de Setúbal é um bom exemplo.

O encontro realizado ontem insere-se num conjunto de ações que a Câmara Municipal de Setúbal e a Sesibal, em parceria com outas entidades relacionadas com os setores das pescas e do turismo e a União Europeia, estão a promover no âmbito da qualificação do carapau manteiga.

“O processo de Indicação Geográfica Protegida”, um dos certificados possíveis a que o carapau manteiga está sujeito no final do procedimento, foi o tema da intervenção de Cristina Hagatong, da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, que especificou as várias etapas inerentes ao processo de qualificação da espécie.

Já a representante da Docapesca, Paula Queiroga, sublinhou que Portugal é dos poucos países no mundo onde se come peixe, reforçando na apresentação “Projetos de Valorização do Pescado” que as espécies piscícolas nacionais têm um valor que não pode ser ignorado.

A última interveniente no colóquio, Natália Henriques, apresentou a comunicação “Eixo 4 do PROMAR da Península de Setúbal”. A representante da Adrepes – Associação para o Desenvolvimento Rural da Península de Setúbal falou sobre aquele apoio comunitário orientado para o desenvolvimento sustentável das zonas pesqueiras.

No âmbito do Eixo 4 do PROMAR está programada a abertura em breve de uma candidatura a um apoio superior a 1 milhão e 700 mil euros destinado às áreas da competitividade, da diversificação e reestruturação das atividades económicas e sociais e da promoção e valorização da qualidade do ambiente costeiro e das comunidades.

O colóquio contou ainda, na sessão de abertura, com as participações do vereador Manuel Pisco, do diretor regional adjunto da Direção-Geral da Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, Paulo Corado, da subdiretora da Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Ana Rita Berenguer, e da diretora da Mútua dos Pescadores, Cristina Moço.

Antes do encontro foi inaugurada a exposição da artista plástica Pólvora d’Cruz “Setúbal e o Mar”, patente na galeria da Casa da Baía até ao dia 26.