Com um orçamento que ronda os 400 mil euros, menos 100 mil do que no ano passado, a diretora do certame, Fernanda Silva, mostra-se, ainda assim, confiante no êxito desta edição, que homenageia a cinematografia turca.

“Temos muito orgulho em apresentar esta programação”, salientou Fernanda Silva em conferência de imprensa, realizada no dia 16, no Esperança Centro Hotel, em Setúbal, exemplificando com a “diversidade muito grande de países” – 23 nações presentes só na Secção Oficial, uma das habituais secções competitivas, a par de Primeiras Obras e O Homem e a Natureza.

“São filmes escolhidos a dedo”, mencionou a diretora do festival, que anunciou o regresso de dois realizadores premiados em edições anteriores com o Golfinho de Ouro. “As pessoas estiveram cá e se quiseram voltar é porque este festival é bom.”

O realizador holandês Jos Stelling volta ao Festroia para receber, tal como a “portuguesa mais internacional”, Maria de Medeiros, o Golfinho de Carreira, além de ser ainda homenageado com a exibição de um ciclo retrospetivo que inclui a obra mais recente, intitulada “A Visita”.

Ao terceiro ano foi de vez. A atriz, realizadora e cantora Maria de Medeiros vai conseguir estar presente no Festroia para receber o galardão que ilustra uma carreira que começou em 1982, em “Silvestre”, de João César Monteiro.

Muitos filmes se seguiram, como “Henry & June”, de Philip Kaufman, em 1990, ao lado de Uma Thurman, e “Pulp Fiction”, de Quentin Tarentino, em 1994, no qual contracenou com Bruce Willis, John Travolta e Samuel L. Jackson.

Como realizadora, Maria de Medeiros destacou-se entre o público português com “Capitães de abril”.

Até à cerimónia de entrega de prémios, onde estão presentes Jos Stelling e Maria de Medeiros, passam pelo Auditório da Anunciada e pelo Cinema Charlot – Auditório Municipal 180 filmes, entre curtas e longas-metragens. Só da Turquia, país homenageado nesta edição, cuja cinematografia teve o seu apogeu na década de 50, o Festroia vai passar cerca de 20 filmes.

“O Amor e a Cozinha” é o ciclo temático deste ano, com 12 filmes europeus, um deles “La Cena”, de Ettore Scola, nunca exibido em Portugal.

Além das obras presentes nas secções Panorama Infantil, Panorama Juvenil e Curtos Europeus e no ciclo Cinema Português, há ainda a possibilidade de assistir aos filmes vencedores da 4.ª edição do Curtas Sadinas.

Apreensiva com os cortes orçamentais de outros festivais bem conhecidos, como o Indie e o Fantasporto, e o fim do festival do Algarve e do Imago, Fernanda Silva agradeceu, na conferência de imprensa, o “grande” apoio da Câmara Municipal, principal patrocinador oficial do Festroia.

“É um enorme orgulho manter um dos mais antigos e prestigiados festivais de cinema do País”, respondeu a presidente da Autarquia, Maria das Dores Meira, que anunciou aos jornalistas um apoio na ordem dos 135 mil euros.

Este valor representa uma redução de 15 mil euros em relação ao ano passado, “uma obrigatória contenção financeira que a Autarquia se viu forçada pelas reduções nas transferências do Orçamento de Estado e pela obrigatória canalização de recursos para importantes obras”, como as do Fórum Municipal Luísa Todi e do Cinema Charlot.

Com as obras do Fórum Luísa Todi a ficarem concluídas no segundo semestre do próximo ano, a presidente da Câmara Municipal anunciou um investimento de nove mil euros para adaptação do Auditório da Anunciada, a sala principal desta edição do Festroia.

Um apoio reforçado por parte da Autarquia que considera o Festroia “uma das mais fortes evidências da pujança cultural de Setúbal”, capaz de atrair público externo ao Concelho.

Presente na conferência de imprensa esteve também um representante da Região de Turismo de Lisboa e Vale do Tejo, Jorge Humberto, que frisou a importância do Festival Internacional de Cinema de Setúbal, recordando “uma sessão fantástica com o Pedro Almodôvar, ainda em Troia”.

A 27.ª edição do Festroia ganha duas novas salas no Cinema City Classic Alvalade, em Lisboa, com sete sessões diárias, entre os dias 5 e 12 de junho.