Com apresentação a cargo da arqueóloga da Câmara Municipal de Setúbal Maria João Cândido, a palestra “O Convento de Jesus de Setúbal: A intervenção arqueológica e a caracterização dos espaços conventuais” divulgou os resultados obtidos através das intervenções arqueológicas realizadas naquele monumento nacional no âmbito dos trabalhos de requalificação de que foi alvo recentemente.

O encontro consistiu na partilha dos resultados dos trabalhos de arqueologia decorrentes da primeira fase das obras no Convento de Jesus e que permitiu a recolha de contributos para um melhor entendimento do quotidiano das freiras que ali habitaram, nomeadamente a importância dos jardins, pátios e cercas para a vida conventual e de clausura.

Através da palestra, além dos resultados obtidos com as intervenções arqueológicas, foram reveladas diferentes etapas das escavações e a riqueza dos materiais encontrados, alguns deles, inclusivamente, em exposição durante a iniciativa.

No século XIX, no processo de adaptação do edifício conventual a Hospital da Misericórdia, realizaram-se grandes alterações no interior, nas quais se perderam muitas das salas originais da época de convento.

Com as escavações das salas do piso térreo identificaram-se algumas divisões, como oficinas, salas de arrumo e pequenas capelas, a maior parte referida nas crónicas conventuais, perdidas no tempo e agora colocadas em evidência através de vestígios.

No exterior do Convento de Jesus foi também possível identificar os vestígios do sistema de rega dos jardins e das hortas, bem como tanques de rega e de apoio às cozinhas.

O espólio exumado na zona exterior nascente indica ter existido uma zona de detritos, onde se encontraram materiais cerâmicos inteiros e em grande quantidade dos finais do século XV ao final do século XVIII.