A ferocidade, a ironia e a subtileza dos pormenores são traços transversais aos 103 trabalhos de João Abel Manta que integram a mostra, uma iniciativa integrada nas comemorações locais dos 40 anos da Revolução dos Cravos, que proporciona uma maneira diferente de revisitar Abril.

“É uma exposição que continua a marcar uma forte atualidade”, sublinhou o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, ao reforçar que “arte de João Abel Manta transmite, através do desenho cartoon, uma mensagem de enorme sagacidade” que importa reter.

Num momento em que se assinalam quatro décadas da Revolução de 1974, o autarca salientou que “Setúbal acolhe com particular entusiasmo o trabalho de um grande cartoonista de Abril”, exposição que “deve ser apresentada às gerações mais novas”.

A exposição, composta por trabalhos publicados, sobretudo, no suplemento literário do Diário de Lisboa, é dividida em duas partes, a primeira com uma caracterização de Portugal nos últimos anos da ditadura, a segunda sobre a aceleração apaixonada vivida entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975, durante o PREC.

“João Abel Manta – Cartoonista de Abril”, mostra organizada pela Câmara Municipal de Setúbal em colaboração com o Museu da Cidade, de Lisboa, está patente até 10 de maio, de terça a sexta-feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e aos sábados das 14h00 às 18h00.

Abel Manta nasceu em 1928, em Lisboa. Formado em Arquitetura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa, em 1951, dedicou grande parte da carreira à vertente de artista plástico, ao elaborar vários trabalhos nas áreas de pintura, cerâmica, tapeçaria, mosaico, ilustração, artes gráficas e cartoon.

Com Alberto Pessoa e Hernâni Gandra, foi responsável pelo projeto dos blocos habitacionais da Avenida Infante Santo, uma das principais referências arquitetónicas de Lisboa, trabalho com o qual ganhou, em 1957, o Prémio Municipal de Arquitetura.