Visita a intervenções Parque Urbano da Várzea e praias de Galapos e Albarquel - Agência Portuguesa do Ambiente

A Agência Portuguesa do Ambiente, em visita no dia 16 de abril a um conjunto de obras de requalificação a decorrer em Setúbal, mostrou abertura em relação à afetação de apoios financeiros para a concretização do inovador Parque Urbano da Várzea.


A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, aponta a necessidade “de fundos comunitários para financiar os cerca de seis milhões de euros necessários para concretização do parque” e apelou à ajuda da Agência Portuguesa do Ambiente para a abertura de candidaturas que permitam o apoio ao projeto.

Em resposta ao apelo da autarca, o vice-presidente da APA, Pimenta Machado, mostrou-se convicto de que a autarquia setubalense “terá boas oportunidades para financiar o projeto no futuro Quadro Comunitário de Apoio, que está em preparação, uma vez que este criará condições para candidaturas de projetos com o objetivo de adaptar o espaço urbano aos desafios das alterações climáticas”.

Pimenta Machado elogiou o trabalho desenvolvido pelo município ao criar um projeto inovador, que minimiza o efeito das cheias, adaptando a cidade ao desafio das alterações climáticas, e ao mesmo tempo é um espaço para usufruto e lazer e fomenta a biodiversidade.

“Tenho de agradecer à Câmara Municipal de Setúbal por esta iniciativa magnífica. Fiz questão de visitar este projeto pois é bastante inovador. Levo daqui uma boa inspiração para ser uma espécie de embaixador do Parque Urbano da Várzea junto de outros municípios que estão a redesenhar o seu espaço urbano para o adaptar às alterações climáticas”, conclui.

O arquiteto municipal Nuno Viterbo fez uma breve apresentação sobre a criação do Parque Urbano da Várzea, projeto em desenvolvimento pela autarquia numa área com 19 hectares e que se constitui como uma medida estruturante de adaptação e mitigação das alterações climáticas.

“É um projeto inovador, porque é, simultaneamente, um espaço verde e de lazer e uma bacia com capacidade de retenção de águas. Houve grandes chuvadas no último ano que permitiram testar esta funcionalidade com sucesso”, indicou o especialista.

Na primeira fase da intervenção, já concluída, foi executada uma obra de engenharia hidráulica, com ações de alteração topográfica para descida das cotas de terreno e a criação de uma bacia de retenção pluvial, para mais capacidade de armazenamento de água.

Nesta fase foram, igualmente, preparadas as condições para a criação do futuro Parque Urbano da Várzea, com a construção de percursos pedonais em betão poroso numa extensão de 2400 metros, que “são utilizados diariamente por centenas de pessoas que elegem este local para fazer caminhadas”, e a plantação de cerca de 600 árvores e perto de dois mil arbustos.

A segunda fase do projeto inclui um conjunto de soluções contemporâneas de usufruto público, com percursos pedonais que atravessam áreas verdes em formato de bosquetes, e recupera memórias de uma antiga ocupação agrícola, com um extenso laranjal.

Um lago artificial, campos desportivos e de aventura, parques infantis, três palcos para a realização de diversos espetáculos, dois quiosques, jardins e áreas de recreio são alguns dos 17 equipamentos e usos distintos preconizados para os 19 hectares do futuro Parque Urbano da Várzea, que aguarda fundos comunitários.

“Num dos jardins será criado um centro de interpretação com vegetação de vários países do mundo, bem como peças escultóricas doadas pelas cidades geminadas com Setúbal e pelos membros do Clube das Mais Belas Baías do Mundo”, revelou Maria das Dores Meira.

O Parque Urbano da Várzea foi o último local da visita que, no dia 16 de abril, a Agência Portuguesa do Ambiente efetuou a intervenções de requalificação em curso no concelho, que se iniciou na Praia de Galapos.

A presidente do município, acompanhada da vereadora do Ambiente, Carla Guerreiro, sublinhou o trabalho em parceria entre várias entidades na concretização do projeto de requalificação desta zona balnear do Parque Natural da Arrábida.

“Quando se quer e se reúnem vontades consegue-se realizar projetos que são para o bem de todos. Este trabalho, feito em estreita ligação entre a APA, a Capitania do Porto de Setúbal e a autarquia, está a tornar a praia ainda mais bonita.”

As intervenções a decorrer na Praia de Galapos, lideradas pela APA, num investimento de cerca de 160 mil euros assegurado na totalidade através do PO SEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, incluíram, em março, a demolição de uma construção ilegal que funcionava como restaurante numa zona de elevado risco, sujeita ao galgamento do mar.

Em curso está agora uma intervenção para consolidação da arriba, a construção de uma nova escada em madeira para substituir a antiga em alvenaria que caiu quando o edifício foi demolido e a reabilitação do acesso principal à praia, que, em termos de circulação automóvel, “poderá apenas ser utilizado por viaturas de emergência e dos concessionários”.

A passagem pela Arrábida no âmbito desta iniciativa, que contou com a presença do vice-presidente do Conselho Diretivo da APA, Pimenta Machado, incluiu uma visita à Praia de Albarquel, eleita como a melhor “Praia + Acessível 2020” do país, resultado de um conjunto de investimentos qualificadores da Câmara Municipal para poder ser fruída por todos os cidadãos.

O galardão anual concedido pelo Instituto Nacional para a Reabilitação, em parceria com a Agência Portuguesa do Ambiente e Turismo de Portugal, atribuiu, por unanimidade, o primeiro lugar à praia setubalense entre um total de 25 candidatos, destacando-a como um exemplo de boas práticas e uma referência nacional, pela qualidade do usufruto da oferta de serviços e bem-estar que proporciona a todos os utilizadores, em particular os com mobilidade condicionada.

A atribuição deste prémio evidencia o investimento qualificador impulsionado em 2020 pela Câmara Municipal de Setúbal na Praia de Albarquel, para a tornar mais acessível e conferir-lhe valor turístico acrescido, de que é exemplo o serviço “Praia para Todos”, de apoio a banhistas com mobilidade reduzida e invisuais, resultado de uma colaboração entre o município e o Instituto Politécnico de Setúbal, por alunos com formação nas áreas de fisioterapia, enfermagem, terapia da fala, desporto e intervenção sociocultural.

Este projeto veio complementar um conjunto de beneficiações que incluíram novas acessibilidades e zonas de estadia no areal, edifícios de apoio e painéis informativos inclusivos e englobou a requalificação do Miradouro de Albarquel, no âmbito de candidaturas apresentadas pela autarquia a financiamento através do Programa Valorizar – Linha de Apoio ao Turismo Acessível, dinamizado pelo Turismo de Portugal.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal destacou, igualmente, a reabilitação do Forte de Albarquel, em fase de conclusão, faltando apenas a pintura da fachada do monumento.

“A obra está praticamente concluída e, em princípio, será inaugurada em maio. Já era para ter sido no ano passado, mas foi adiada por causa da pandemia. Agora, aguardamos a confirmação de quando a lady Helen Hamlyn poderá vir a Portugal, pois a sua presença é essencial, visto que a fundação The Helen Hamlyn Trust é uma das principais financiadoras do projeto.”

O Forte de Albarquel, imóvel datado do século XVII, vai ser um espaço cultural e educativo, com valências museológicas e expositivas, e funcionar como sala de visitas da cidade, num investimento de 1 milhão e 400 mil euros, repartido entre Câmara Municipal de Setúbal e The Helen Hamlyn Trust, no âmbito de um memorando de entendimento assinado em 2016.