A Cookie recebeu com a língua de fora e patas para o ar as primeiras festas da nova dona, Anabela, que viu na iniciativa da Autarquia a oportunidade que procurava para encontrar companhia para o cão que já tem na quinta onde vive. Esta foi a primeira adoção do dia, poucos minutos depois do início da ação, que decorreu de manhã à tarde.

O Parque de Vanicelos foi o local escolhido para o primeiro dos vários “Dias da Adoção”, que se vão realizar até setembro em jardins da cidade.

Entre cães e gatos, a maioria dos animais, todos abandonados ou com um passado relacionado com maus tratos, vieram do canil/gatil municipal e das associações de proteção animal que se juntaram à Autarquia na organização do evento.

Na “Adopta-nos”, Fernanda Reis explica que os animais que os voluntários cuidam no hotel para cães contratado pela associação, por falta de instalações próprias, “vêm do canil, da rua ou são procurados depois de alguém avisar a associação”.

Além do bem-estar dos animais, as associações partilham outras preocupações em comum. A falta de instalações próprias, o financiamento e a avaliação dos candidatos a donos encontram-se no topo da lista.

Natacha Batista, da “Esperança Animal”, recorda que ela e o namorado já foram ameaçados com uma faca quando se dirigiram à casa de uma mulher que procurava um cão para adotar. “A senhora estava embriagada e vimos que não tinha condições em casa para receber um animal. Ameaçou-nos com uma faca quando nos recusámos a dar-lhe um para adoção. São coisas que acontecem e com que temos de aprender a lidar”, explica.

Na “Rafeiros Leais” uma entrevista dura mais de vinte minutos quando duas jovens procuram um cão para levar, numa conversa em que ambas as partes fazem e respondem a questões. O porte ideal de um cão para viver num apartamento é uma das preocupações que rouba boa parte do tempo da análise mútua.

Rita Vairinhos salienta que da perspetiva da “Rafeiros Leais” é perceber se os animais serão bem recebidos e tratados como membros da nova família. “Quer nós, quer os candidatos a donos devemos estar plenamente convencidos de que a adoção será o melhor para o futuro dos animais”, sublinha.

Na Pravi – Projeto de Apoio a Vítimas Indefesas, o quotidiano é feito de dificuldades, desabafa a responsável do núcleo de Setúbal, Patrícia Lança. “Vivemos da solidariedade das pessoas e dos bolsos dos voluntários. Muitas vezes isso não chega”, afirma, sendo esta uma realidade comum às associações presentes na iniciativa.

Ainda assim, todas elas, incluindo a “Sobreviver”, a quinta associação presente nos “Dias da Adoção”, continuam o trabalho desenvolvido, sustentado no carinho que os voluntários sentem pelos animais.

Com a manhã a aproximar-se do final, a Joana, 9 anos, leva no regaço o também jovem e sonolento Lucky, de mês e meio. Já habituada a cuidar de animais de estimação, sabe que não pode falhar com a alimentação e os passeios. “Não vai ser um problema”, garante, enquanto a mãe, Sandra, confirma que a filha transporta nos braços um novo membro da família.

“Mais uma alegria lá para casa”, garante Sandra, com o Lucky, sempre a dormir nos braços da Joana, a ser demasiado novo para se aperceber de que a sorte que tem não se fica só pelo nome.

Os “Dias da Adoção” repetem-se a 12 de maio e 8 de setembro, no Parque da Algodeia, e a 14 de julho, no Jardim de Vanicelos. Os animais entregues durante a iniciativa recebem chips identificativos e vacinas gratuitamente, mediante as quantidades existentes.