A importância da procura de soluções de mobilidade elétrica para o setor náutico esteve em análise, no dia 5, num encontro realizado no Fórum Municipal Luísa Todi.
O Fórum da Mobilidade Elétrica, organizado numa parceria entre a ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, a UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos e a Câmara Municipal de Setúbal, refletiu e debateu ao longo do dia diferentes aspetos relacionados com a mobilidade elétrica, nomeadamente questões sobre planeamento e financiamento, o atual panorama e os novos desafios que se colocam ao setor.
A náutica esteve em destaque na parte da tarde, no painel 3, moderado pelo jornalista Raul Tavares, com um conjunto de oradores a partilharem projetos desenvolvidos pelas empresas e entidades que representam, os quais visam contribuir para o caminho rumo à descarbonização.
Nuno Almeida, da APSS – Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra, abordou os vários projetos desenvolvidos nos últimos anos para tornar o transporte marítimo e a atividade dos portos cada vez mais sustentável.
“O ambiente é uma matéria muito importante para a APSS. Temos vindo a tomar medidas concretas para consolidar uma atitude ambientalmente responsável e integrada nos princípios do desenvolvimento sustentável”, indicou o membro da administração da APSS.
A melhoria global da eficiência energética com a instalação de painéis fotovoltaicos no edifício-sede e de luminárias com tecnologia LED em toda a área de jurisdição, a gestão adequada dos resíduos e a adesão a programas como a Agenda 2030 da ONU e o ECO.AP 2030 são medidas que “demonstram o compromisso da APSS com a sustentabilidade económica, social e ambiental”.
A entidade portuária encontra-se, igualmente, a preparar a reabilitação da Doca dos Limões, em Setúbal, a qual contempla postos de carregamento para embarcações elétricas de passageiros.
Já a secretária-geral da Transtejo/Soflusa, Margarida Perdigão, apresentou um projeto para dotar a frota da empresa responsável pelo serviço de transporte fluvial de passageiros entre as duas margens do rio Tejo de navios 100 por cento elétricos.
“Os objetivos são incrementar significativamente a qualidade do serviço prestado nas ligações fluviais, reduzir custos, reforçar as condições de segurança e obter ganhos de eficiência energética.”
No final do ano, a Transtejo/Soflusa vai receber o primeiro de um conjunto de dez navios, atualmente em construção, destinados a servir as ligações fluviais de Cacilhas-Cais do Sodré, Montijo-Cais do Sodré e Seixal-Cais do Sodré, estando em preparação ações para dotar estes terminais de estações de carregamento elétrico.
A sustentabilidade é também a palavra-chave para os projetos desenvolvidos pela Siemens na “busca de soluções para a descarbonização do setor náutico, tendo em conta a proteção climática, o fornecimento eficiente de energia e a perspetiva integrada de todos os ativos”, assegura o administrador para a área da mobilidade elétrica, João Gouveia.
A Siemens desenvolveu o SIHARBOR, sistema de fornecimento de energia em terra para navios, sendo os geradores a diesel desligados enquanto os navios estiverem atracados.
Os desafios tecnológicos no setor da mobilidade elétrica também encontram respostas na Evolution, empresa que propõe “a construção de um futuro sustentável através da reutilização inteligente de materiais e da reparação especializada”, referiu o administrador Carlos Jesus.
O Fórum de Mobilidade Elétrica terminou com as intervenções dos presidentes do conselho de administração da ENA, Sérgio Marcelino, e da UVE – Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, Henrique Sanchez.
O presidente da UVE deixou o convite para a participação no ENVE 2022 – Encontro Nacional de Veículos Elétricos, que se realiza no Largo José Afonso, em Setúbal, nos dias 4 e 5 de junho.
Além de proporcionar encontros entre utilizadores de veículos elétricos para partilha de experiências e esclarecimento de dúvidas, o evento inclui uma exposição de veículos elétricos de duas e quatro rodas, de passageiros e de mercadorias, ligeiros e pesados, bem como de trotinetas e bicicletas.
A “grande novidade” na edição deste ano, avançou Henrique Sanches, é a componente da mobilidade elétrica náutica, com a apresentação da primeira bicicleta elétrica aquática que estará disponível para test drives.
Já Sérgio Marcelino deixou algumas ideias para reflexão futura, como a questão de “muita da energia atual ser produzida através do carvão e de existirem problemas com a produção e manutenção das baterias a lítio”.
O responsável acredita que, a nível da região de Setúbal, a operação TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, com a entrada em funcionamento de uma frota de autocarros completamente nova e a introdução de veículos energeticamente menos poluentes “é uma aposta ganha no combate às emissões de CO2”.
