Presidente da Câmara, André Martins, no seminário “Prevenção e Promoção da Saúde Mental e Bem-Estar no Trabalho”.

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, defendeu em 19 de outubro, na abertura de um seminário realizado no Cinema Charlot – Auditório Municipal, que a promoção da saúde mental é fundamental para que haja ambientes de trabalho saudáveis.


Organizado no âmbito das atividades de Saúde Ocupacional da autarquia, o seminário “Prevenção e Promoção da Saúde Mental e Bem-Estar no Trabalho” reuniu cerca de 150 trabalhadores municipais, que ouviram especialistas abordarem temas como o papel da psicologia da saúde ocupacional na Câmara Municipal de Setúbal, a prevenção da síndrome de burnout e da depressão ou as estratégias de prevenção do suicídio.

“Na Câmara Municipal de Setúbal defendemos que a saúde mental de todos os nossos trabalhadores é fundamental para a promoção de um ambiente de trabalho saudável”, assegurou o autarca, adiantando que, consciente desta problemática, a autarquia garante desde 2018 consultas de psicologia, no âmbito do serviço de medicina do trabalho.

André Martins lembrou que o município tem promovido iniciativas e divulgado informação “para alertar e consciencializar os trabalhadores municipais” sobre a saúde mental, “um tema bastante complexo e muitas vezes encarado com vergonha”, e manifestou o desejo de o seminário, que assinalou o Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de outubro, contribuir “para assegurar um ambiente de trabalho mais saudável”.

O autarca considerou que a pandemia de covid-19 mostrou “de forma abrupta” realidades de ansiedade e desespero, que neste “período crítico” ganharam “mais expressão”, surgindo “comportamentos inesperados com consequências negativas para os próprios, para as famílias, amigos e colegas de trabalho” como resultado do isolamento social.

“A pandemia, todos o sabemos, provocou alterações repentinas às nossas rotinas, familiares e profissionais, trazendo o medo e a incerteza à nossa vida. De acordo com dados oficiais, registou-se um aumento significativo no consumo de medicamentos psicofármacos e no uso nocivo de bebidas alcoólicas ou outras substâncias psicoativas”, referiu.

O presidente da Câmara lembrou que, recentemente, uma revista científica deu conta de que “uma em cada oito pessoas, o que totaliza perto de mil milhões de pessoas em todo o mundo, sofre com problemas de saúde mental”, subindo o valor para “um em cada sete” no que diz respeito a crianças e jovens com idades entre os 10 e os 19 anos.

No que diz respeito a Portugal, citou um estudo recente da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, segundo o qual 28,5 por cento dos jovens “expressam sintomas de depressão moderada ou grave” e recordou que “o investimento em saúde mental é, em média, apenas dois por cento do investimento total em saúde” feito pelo Estado português.

“Este é, aliás, um dado que coloca em evidência a necessidade imperiosa de o nosso Serviço Nacional de Saúde conceder uma muito maior atenção a esta matéria, sob pena de estes números continuarem a aumentar. É notório que o estigma e a discriminação das pessoas com problemas de saúde mental promovem a exclusão social, dificuldades na integração no mercado de trabalho e um aumento potencial de outras complicações de saúde”, sublinhou.

No encerramento do seminário, a vice-presidente da Câmara Municipal, Carla Guerreiro, sublinhou que o Gabinete de Medicina do Trabalho, Enfermagem e Psicologia, que serve os 2030 trabalhadores da autarquia, é composto por dois médicos do trabalho, por cinco enfermeiros do trabalho e por um psicólogo, este desde 2018.

Carla Guerreiro admitiu, porém, que os meios “são poucos para tanto trabalho e para tantas frentes”, porque, com a transferência de competências da administração central para as autarquias, a Câmara Municipal recebeu “536 pessoas só na área da educação”, o que considerou “modificações muito importantes”, feitas “às vezes” sem se ter em consideração se as autarquias têm condições para “acomodar” todas as despesas inerentes.

“Nós fomos eleitos para resolver os problemas dos nossos munícipes, mas uma das prioridades que o presidente da Câmara elencou, e o executivo também, são as questões dos trabalhadores. E essas questões dos trabalhadores também passam hoje por este assunto”, sublinhou.

Os trabalhadores municipais presentes no Cinema Charlot – Auditório Municipal na manhã de hoje ouviram depois o psicólogo da Câmara Municipal de Setúbal (CMS), Pedro Duarte, falar sobre “O Papel da Psicologia da Saúde Ocupacional na CMS” e a psiquiatra Rita Sequeira Mendes, coordenadora do Hospital de Dia do Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de São Bernardo, abordar o tema “Síndrome de Burnout e Depressão – Estratégias de Prevenção”.

A psicóloga clínica Margarida Mota, da Delegação Regional do Sul do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC/INEM), falou sobre “Estratégias de Prevenção do Suicídio”, antes de se realizar um debate moderado pelo médico do trabalho da CMS, Joaquim Judas, e pela chefe da Divisão de Desenvolvimento de Competências do Departamento de Recursos Humanos, Rosária Murça.