O acordeonista e resistente antifascista Dimas Pereira, homem de Liberdade e de Cultura, como destacou o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, foi homenageado a 24 de março num espetáculo dedicado à tradicional música do acordeão, realizado nas Pontes.


“Nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril não podíamos deixar de homenagear Dimas Pereira, um homem de Liberdade e de Cultura”, afirmou o autarca na 6.ª Gala do Acordeão | 1.ª Gala Internacional, realizada no salão da Cooperativa de Habitação e Construção Económica “Força de Todos”.

Dimas Lopes Soares Pereira, nascido a 16 de setembro de 1921 em Quelfes, concelho de Olhão, foi um resistente antifascista e militante do PCP com reconhecida carreira musical, na qual chegou a acompanhar José Afonso no single “Viva o Poder Popular”, editado em 1975.

Foi precisamente com José Afonso que Dimas Pereira, falecido a 3 de maio de 2009, aos 87 anos, fundou, em 1969, o antigo Círculo Cultural de Setúbal para, enfatizou o presidente André Martins, “ajudar os setubalenses a organizarem-se e a ter força para fazer a revolução do 25 de Abril de 1974”.

O espetáculo, organizado pela Junta de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra com a Cooperativa “Força de Todos” e os apoios da Câmara de Setúbal e da Associação de Acordeonistas de Portugal, contou com atuações de Leonel Mateus Quarteto, Michel de Roubaix, Nicole Viviana e Sérgio Conceição.

O presidente da Junta de Freguesia de Gâmbia-Pontes-Alto da Guerra, Luís Custódio, que destacou a gala do acordeão como “um evento diferenciado”, falou “numa justa homenagem” a Dimas Pereira, um homem que “ajudou a mudar e a melhorar o nosso país”, um “resistente antifascista que amava o acordeão”.

Também o presidente da Associação de Acordeonistas de Portugal, Nuno Soares, reconheceu a justiça da homenagem. “O passado está presente e não podemos esquecer aqueles que, tal como Dimas Pereira, um reconhecido acordeonista, lutaram pela Liberdade.”

No palco do salão da Cooperativa de Habitação e Construção Económica “Força de Todos” esteve também a filha do homenageado Manuela Pereira, que começou por elogiar e agradecer a todos os acordeonistas que “ajudam a divulgar o acordeão, um maravilhoso instrumento musical”.

Num discurso emotivo, em que recordou as prisões, as torturas e atrocidades feitas ao pai pela polícia política, partilhou a importância “da cultura e da educação individual, da Liberdade em todas as dimensões e de todas as formas de artes” enquanto valores defendidos por Dimas Pereira para a “evolução da sociedade”.