Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, no Fórum Turismo de Palmela, dedicado à "Retoma Turística".

O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, nomeou em 16 de novembro “identidade, sustentabilidade e inclusão” como os três principais eixos da estratégia do turismo de Setúbal, durante o Fórum Turismo Palmela, realizado no Cineteatro S. João, em Palmela.


“Setúbal tem executado a sua estratégia turística com base na sustentabilidade dos recursos do destino, evitando o turismo de massas e apostando num turismo segmentado e em respeito pelas comunidades locais. Identidade, sustentabilidade e inclusão são os três principais eixos da estratégia do turismo de Setúbal”, afirmou, ao intervir no painel “Estratégia de Desenvolvimento Turístico da Região da Arrábida”.

Segundo o autarca, a cidade, a serra da Arrábida e o estuário do Sado “são as potencialidades” que existem “para alcançar esses eixos estratégicos” e, enquanto destino de natureza, Setúbal “afirma as suas capacidades” no walking, no cycling e no birdwatching, através das redes de percursos pedestres, cicláveis e de interpretação da paisagem existentes naquelas áreas protegidas.

“Todo este caminho tem sido executado por via de parcerias, seja com entidades como o ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas], a Reserva Natural do Estuário do Sado ou juntas de freguesia, seja com operadores turísticos. A valorização do riquíssimo património natural presente no território de Setúbal potencia, na nossa perspetiva, o desenvolvimento do turismo sustentável”, acentuou.

André Martins recordou que, em parceria com a Associação de Municípios da Região de Setúbal, o ICNF e os municípios de Palmela e Sesimbra, a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, “enquanto vetor de desenvolvimento da região”, é “um dos projetos estratégicos” assumidos pela Câmara de Setúbal.

“Este reconhecimento, conferido pela UNESCO, será, sem dúvida, um promotor do turismo sustentável no território da Arrábida e do município. Importa relembrar que mais de 50 por cento do território de Setúbal é área protegida, com elevado valor natural e ambiental, o que confere ainda maiores responsabilidades na preparação do nosso território para o que aí vem”, afirmou.

Salientando a necessidade de “preparar o território para o embate das alterações climáticas”, recordou que Setúbal, Palmela e Sesimbra apresentaram recentemente o PLAAC–Arrábida, um Plano de Adaptação às Alterações Climáticas fruto do trabalho da ENA – Agência de Energia e Ambiente da Arrábida, dos municípios, da academia e de agentes locais deste território da Arrábida.

O autarca sublinhou que Setúbal também se tem afirmado no turismo cultural e enogastronómico, “áreas agregadoras” que atraem, ao longo de todo o ano, um turista “cada vez mais qualificado e exigente”, além de estar “na linha da frente da promoção de um destino inteligente”, sendo um dos 48 destinos turísticos europeus selecionados para o projeto Smart Tourism Destination 2022/2023 da Comissão Europeia.

Este projeto “traduz-se na implementação de soluções digitais inovadoras para tornar o turismo sustentável e acessível, aproveitando o património cultural, natural e a criatividade para melhorar a experiência turística dos utilizadores”, tendo Setúbal sido “selecionada no restrito grupo dos que estão a trabalhar estas matérias nos próximos meses”, de entre as cerca de 600 candidaturas europeias a este programa.

Depois de afirmar que alguns pontos da estratégia de desenvolvimento turístico de Setúbal tocam, “seguramente”, em vários aspetos das de Sesimbra e Palmela, defendeu que, “em especial” na última década, tem havido “um intenso e exponencial desenvolvimento turístico” do território Arrábida.

André Martins lembrou, porém, que os três municípios “não são os únicos” gestores do território, sendo conhecidas as “dificuldades” em geri-lo “com outros agentes, que têm igualmente responsabilidades”, pois “nem sempre há entendimento entre as todas partes” para um trabalho em conjunto “na promoção e defesa” da Arrábida.

“Hoje, como nunca, temos procura turística e uma cada vez maior e melhor oferta, que resulta quer do intenso esforço de requalificação urbana que as nossas autarquias têm promovido, quer da criação de novas e melhoradas condições de atração. Resulta, acima de tudo, dos empresários do setor que têm acreditado neste território e tão bem têm sabido interpretar o esforço e o empenho destas autarquias para aqui criar oferta turística de qualidade”, assegurou.

O presidente do município reconheceu, por outro lado, que o grande afluxo às praias de Setúbal, que são “uma referência a nível nacional e internacional”, é um problema para o qual a autarquia tem procurado “encontrar soluções no quadro do desenvolvimento harmonioso do território”, para que “todos possam usufruir” daquele património natural.

Entre várias eventuais medidas, assegurou que a autarquia continua comprometida na procura de “soluções para que se criem melhores condições para as pessoas poderem ter acesso a Troia”, de forma a que se “retire pressão das praias da Arrábida”, e desafiou todas as entidades com responsabilidades no processo a se empenharem igualmente.

Na sessão de abertura do encontro, dedicado à “Retoma Turística”, o presidente da Câmara de Palmela, Álvaro Amaro, indicou que “são as relações de cooperação e sinergia que constituem o melhor suporte” dos projetos, “como ficou provado na pandemia”, e recordou que a Arrábida já é “uma das centralidades” da região turística “Lisboa”.

“Os últimos anos têm exigido uma enorme capacidade de adaptação e resiliência”, afirmou, referindo-se aos efeitos da pandemia e à guerra na Ucrânia, antes de recordar o grande incêndio registado em julho em Palmela e que o calor excessivo, a seca e os incêndios rurais são as principais ameaças para o território da Arrábida até ao final do século, segundo o PLAAC–Arrábida.

A diretora do Departamento de Dinamização da Oferta e dos Recursos do Turismo de Portugal, Teresa Ferreira, congratulou-se por poder falar-se “sobre retoma turística” e salientou que, “ao contrário das expectativas”, 2022 revelou-se um ano “muito bom” para que ela seja um facto, pois Portugal teve 20,5 milhões de hóspedes até setembro.

“Significa que estamos quase a atingir os números de 2019, que foi o melhor ano turístico de sempre”, indicou, adiantando que se deve falar em retoma do turismo “com as devidas precauções”, em virtude dos tempos “de incerteza” que o mundo vive.

O Diretor do Departamento Operacional da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, Jorge Humberto Silva, defendeu o prosseguimento da parceria entre os três municípios no âmbito da Arrábida.