Auditório Bocage | espetáculo de inauguração

Vários músicos, cantores e compositores setubalenses uniram-se para abrilhantar, no passado dia 26 de abril, a cerimónia de inauguração do mais recente equipamento cultural do concelho de Setúbal, o Auditório Bocage, um projeto da Junta de Freguesia de S. Sebastião, apoiado pela Câmara Municipal.


O espetáculo “Garota e Amigos: às 6 no Palco”, idealizado por Cátia Oliveira, juntou pela primeira vez, em simultâneo no mesmo palco, A Garota Não; Celina da Piedade; Branco; O James; Rui David e Et toi Michel, artistas setubalenses que têm em comum a freguesia de S. Sebastião, território onde cresceram e fixaram raízes.

Acedendo ao convite da Junta de Freguesia de S. Sebastião para atuar na cerimónia de inauguração do Auditório Bocage, integrada nas comemorações do 25 de Abril, Cátia Oliveira, cantautora do projeto A Garota Não, considerou que não deveria ser ela a “personagem central” desse momento.

Nesse sentido, estendeu o convite a “algumas das muitas pessoas que conheço com muito valor nesta freguesia”, explicou no início do espetáculo, dando um significado mais profundo à celebração. Bairro Santos Nicolau, 2 de Abril, Monte Belo, Camarinha, Bela Vista “estão todos hoje aqui representados neste palco”, afirmou, referindo-se às origens dos artistas.

Durante cerca de uma hora, A Garota Não, sempre acompanhada pelo guitarrista e produtor Sérgio Mendes, interpretou a solo, em dueto e em trio alguns dos seus temas, do álbum “Rua das Marimbas Nº 7”, e acompanhou os seus talentosos amigos em algumas das suas músicas originais, que incluíram canções inéditas.

O compositor e produtor Rui David, membro fundador da banda Hands On Approach, foi um dos músicos que levou para o palco do Auditório Bocage dois temas nunca antes expostos ao público, um deles inspirado na sua infância “passada não muito longe daqui”, revelou.

O músico, que se apresentou munido de uma guitarra e um instrumento de percussão digital, fez questão de saudar a Junta de Freguesia, em particular o presidente Nuno Costa, seu antigo colega de escola, pelo novo espaço, considerando que “a cidade precisa e a cultura agradece”.

O James, nome artístico de Tiago Morais, que lançou em 2019 o seu álbum de estreia “Mnemonic Devices”, optou também por interpretar um tema inédito, em inglês, a pedido d’ A Garota Não, que o acompanhou com a sua voz. Os laços de amizade entre os dois artistas criaram-se quando ambos estudavam na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e terá sido Tiago Morais um dos grandes responsáveis pela ingressão da amiga no mundo da música.

Por seu lado, Branco, um dos artistas de referência na esfera do rap e do hip hop sadino, interpretou “Queres que Erre”, primeiro single do seu segundo álbum de originais “Atlântida”, que cativa logo ao primeiro verso quando afirma: “Recuso-me a ser Pessoa enquanto tiver Bocage na alma”, num tema dedicado à sua “Setúbal, cidade do R”. Em dueto com A Garota Não, narrou e fez beat box para a canção “Ready (Mulher Batida)”, original da banda Orelha Negra, adaptado para a estreia do Auditório Bocage.

Et Toi Michel, alter-ego de João Mota, compositor e músico da banda Delamotta e co-compositor e cantor do duo setubalense Um Corpo Estranho, apresentou o tema original “Ladrões do Pomar”, que ainda não foi lançado, e acompanhou a acordeonista, cantora, e compositora Celina da Piedade na moda alentejana “Ceifeira”.

Vizinhas no Bairro 2 de Abril e amigas de infância, Celina da Piedade e Cátia Oliveira partilharam com o público algumas peripécias vividas em conjunto, muito antes da música as unir. A carismática cantora, embaixadora do Cante Alentejano, revelou que, embora viaje muito, “volta sempre ao ninho”, ou seja, à sua casa no bairro 2 de Abril e considerou o espetáculo de inauguração do Auditório Bocage, um momento especial e simbólico, porque “está aqui uma pequena amostra das pessoas incríveis que esta freguesia tem dado ao mundo, em diversas áreas”.

Em trio, Celina da Piedade, João Mota e Cátia Oliveira cantaram “Que mulher é essa”, d’ A Garota Não, o último tema antes da derradeira canção que juntou em palco todos os artistas. Uma versão que misturou a letra de “Grândola Vila Morena” com a música de “Índios da Meia Praia”, ambos de Zeca Afonso, foi escolhida para terminar o concerto, num momento inesquecível e, provavelmente, irrepetível.

Visivelmente emocionado, o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião agradeceu aos artistas por “nos terem brindado com um momento cultural de grande qualidade” e saudou particularmente Cátia Oliveira, pela organização de “um espetáculo verdadeiramente extraordinário”.