A exposição, patente na Galeria de Exposições da Casa Cultura, é composta por um conjunto de 25 obras que o líder histórico do Partido Comunista Português produziu nas cadeias do Aljube e de Peniche.

“Poderia ter sido um grande artista mas outros interesses elevaram-se. Punha o momento político acima de toda a atividade artística”, sublinhou Manuel Augusto Araújo, assessor para a cultura na Câmara Municipal de Setúbal, num colóquio sobre a vertente de artista plástico de Álvaro Cunhal, que antecedeu a abertura da mostra.

No encontro, realizado na Sala José Afonso da Casa da Cultura, Manuel Augusto Araújo apresentou algumas curiosidades técnicas e históricas sobre a conceção dos desenhos, para lançar algumas ideias para uma melhor compreensão das obras artísticas.

As condições de luminosidade durante o encarceramento de Álvaro Cunhal nas prisões do Aljube, em Lisboa, e de Peniche, e a influência destas na criação dos desenhos foi um dos tópicos abordados no colóquio, com a presença de várias figuras do PCP e entusiastas das artes.

“O contorno dos desenhos, mais ou menos definido, é influenciado diretamente pelas condições em que foram feitos na prisão. No Aljube, com luz artificial de dia e de noite, o traço é pouco claro, enquanto no período de Peniche, já com luz natural, os contornos são muito mais visíveis”, adiantou.

Os desenhos feitos por Álvaro Cunhal na cadeia, que retratam o povo em festa ou momentos de luta, apresentam ainda outras curiosidades, como o facto de haver uma única figura feminina isolada numa das obras ou de as folhas nos quais foram concebidos estarem numeradas.

Depois do colóquio, seguiu-se a inauguração da exposição “Álvaro Cunhal, Desenhos da Prisão” e uma visita guiada, para um olhar mais demorado e atento das imagens, momento que contou com a presença da presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira.

“É um orgulho para a cultura, para os setubalenses e para a cidade, poder acolher esta exposição que evoca a memória de um enorme líder partidário, um ícone incontornável da história política portuguesa e um homem do mundo”, sublinhou Maria das Dores Meira.

A autarca realçou que “é sempre um privilégio rever estas ilustrações”, as quais conjugam a vida política e artística do histórico líder comunista. “É uma exposição lindíssima e intemporal, que deve ser visitada por todas as gerações”, salientou.

A exposição, patente até 8 de outubro, pode ser visitada de terça-feira a domingo, a partir das 10h00, encerrando de terça a quinta às 24h00, à sexta e ao sábado à 01h00 e ao domingo às 20h00.

A iniciativa dá início a um programa a dinamizar até ao final do ano de celebração do 100 anos do líder histórico do PCP, completados a 10 de novembro, promovido pela Comissão das Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal, com organização local da Câmara Municipal de Setúbal, que inclui diversas atividades na Casa da Cultura e na Biblioteca Pública Municipal.

Em outubro, uma exposição biográfica é inaugurada no dia 2, na Biblioteca Municipal, enquanto a 3, às 21h30, na Casa da Cultura, é exibida, no âmbito do ciclo “Álvaro Cunhal e o Cinema”, a obra “Cinco Dias, Cinco Noites”, com a presença do realizador, José Fonseca e Costa.

Nas restantes quintas-feiras do mês, dias 10, 17, 24 e 30, à mesma hora, a Casa da Cultura passa “Até Amanhã, Camaradas”, de Joaquim Leitão, dividido em quatro partes, com debate na última, filme baseado na obra homónima de Manuel Tiago, pseudónimo literário de Álvaro Cunhal.

“Álvaro Cunhal e a política” é a temática de um ciclo de colóquios, que decorre nos três primeiros domingos de outubro, às 16h00, na Biblioteca Pública Municipal.

“O jovem Cunhal, a reorganização do PCP (1940-1949) e a luta política em Portugal no contexto da Guerra Fria (1950-1960)”, no dia 6 , “Álvaro Cunhal, o programa do PCP aprovado no VI Congresso. O 25 de Abril”, sobre a luta revolucionária contra o fascismo, a 13, e “Álvaro Cunhal, o Partido Comunista Português no pós-25 de Abril”, no dia 20, são as sessões marcadas neste ciclo.

Em outubro há ainda “Álvaro Cunhal e o Teatro”, com o espetáculo “A Casa de Eulália”, pelo Teatro do Elefante, baseado no livro de Manuel Tiago, dias 4 e 5, às 21h30, no Fórum Municipal Luísa Todi, com bilhetes a cinco euros.

O programa comemorativo inclui até ao final do ano, em Setúbal, diversas iniciativas, como mais duas exposições, um segundo ciclo de colóquios, com o tema “Álvaro Cunhal e as Artes”, e uma entrevista televisiva.

 

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