Encontro entre alunos e resistentes antifascistas, no âmbito da preparação dos jovens para a quarta edição do concurso nacional “História Militar e Juventude”, na Escola Secundária Lima de Freitas

A Câmara Municipal de Setúbal dinamizou um encontro entre alunos e resistentes antifascistas, no âmbito da preparação dos jovens para a quarta edição do concurso nacional “História Militar e Juventude”, este ano subordinado ao tema “O 25 de Abril na minha terra”.


A atividade, dinamizada pelo Serviço Educativo do Arquivo Municipal, realizou-se na manhã de 2 de fevereiro na Escola Secundária Lima de Freitas, com a participação de meia centena de alunos e de Antonieta Saragoça e Pedro Soares, da Delegação de Setúbal da URAP – União de Resistentes Antifascistas, e o enfoque na partilha de experiências vividas na primeira pessoa.

Os dois convidados fizeram a caracterização do período final do Estado Novo e dos primeiros tempos após o 25 de Abril, centrando-se especialmente na guerra colonial e no fenómeno do acolhimento dos retornados das ex-colónias.

A professora reformada Antonieta Saragoça recordou um período “em que não se podia ser contra os poderes instituídos, dos governantes e das elites reinantes”, sob pena de prisão, tortura e até morte, e recordou que, ao contrário do que acontecia com os de então, os jovens de hoje, porque vivem em democracia, podem fazer certas escolhas pessoais, ter ideias diferentes e conviver.

Relatou ainda o modo como se deu a inserção na vida social de quem vinha das ex-colónias, fugindo da guerra, e que em muitos casos eram pessoas que não conheciam o país ou tinham nascido cá, classificando o processo como difícil e complexo, num país empobrecido e sem um plano de ação global para acolher tantas pessoas ao mesmo tempo.

Pedro Soares, antifascista e desertor do Corpo Expedicionário Português, relatou a sua experiência enquanto foragido em França, descrevendo a vida na clandestinidade após sofrer perseguições e ver a vida ameaçada, num caminho em que conviveu com personalidades que se iriam tornar célebres, como Manuel Alegre, José Mário Branco, ou Zeca Afonso, todos eles sob o risco do escrutínio e da ação da PIDE.

O encontro teve como objetivo preparar os alunos para melhor se poderem candidatar ao concurso nacional “História Militar e Juventude” de 2024, aberto aos alunos do 2.º, 3.º ciclo e secundário, do ensino regular e cursos profissionais, com idades compreendidas entre os 10 e os 19 anos.

O Grupo A, para alunos dos 10 aos 12 anos, aceita candidaturas até 28 de abril, o Grupo B, dos 12 aos 15, do 3.º ciclo, até 8 de maio, e o Grupo C, dos 15 aos 19, até 19 de maio, todos em diversas categorias e formatos, sendo atribuídos prémios em valores monetários tanto para alunos como para tutores.

Informações sobre o concurso podem ser consultadas nesta página de internet.

A iniciativa é organizada pela Comissão Portuguesa de História Militar e pela Associação de Professores de História, em parceria com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, e conta com os apoios do Plano Nacional de Leitura 2027, da Associação dos Municípios Portugueses, da Associação 25 de Abril e da Liga dos Combatentes.

A colaboração do Serviço Educativo prossegue em 28 de fevereiro, com uma sessão promovida no espaço do Arquivo Municipal com uma turma do 9.º ano, a qual vai contar com a participação da Delegação de Setúbal da URAP – União de Resistentes Antifascistas e da AJA – Associação José Afonso.