O corpo do ator, encenador e poeta setubalense está em câmara ardente na Igreja de Jesus, em Setúbal, seguindo por volta das 16h00 para o Cemitério de Nossa Senhora da Piedade, após uma cerimónia religiosa a realizar cerca de uma hora antes.

O carro fúnebre onde seguem os restos mortais de Fernando Guerreiro faz, previsivelmente entre as 16h00 e as 16h30, uma paragem simbólica de um minuto junto do Fórum Municipal Luísa Todi, como sinal de despedida do mundo do teatro.

O ator Carlos Rodrigues refere que, mais do que perder um colega e amigo, perdeu um irmão. “Perdi o meu irmão mais velho”, referiu, comovido, “Manel Bola”, recordando memórias de infância com Fernando Guerreiro.

A presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira, recorda a "simpatia, inteligência e alegria" de um "importante homem da cultura" e "figura carismática da cidade", cujo desaparecimento constitui "uma grande perda para Setúbal".

Fernando José Ribeiro Guerreiro nasceu a 24 de novembro de 1938, em Setúbal, cidade onde sempre viveu. Fez os primeiros estudos na Escola Conde Ferreira e na Escola Industrial e Comercial de Setúbal, concluindo o Curso Geral de Comércio.

O gosto pela escrita em verso, revelado aos 12 anos, herdou-o da tia e madrinha Palmira Viegas, a quem dedica o livro de poesia “Memórias entre um sorriso”, de 2009.

“O teatro e a poesia abriram de par em par portas da minha verdade”, escreveu na autobiografia publicada nesse livro. 

Admirador de Florbela Espanca, Fernando Guerreiro é enviado, em 1961, para Cabo Verde durante a guerra colonial, sentindo então necessidade de versar algumas páginas do seu diário.

Fernando Guerreiro destacou-se como ator e encenador, tendo colaborado com a TEIA – Grupo de Teatro Amador de Setúbal, o Grupo de Teatro Amador da Sociedade Musical Capricho Setubalense, o Teatro Infantil de Lisboa e o Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico, onde participava ultimamente.

Ator, encenador e autor no Teatro Animação de Setúbal, onde trabalhou durante 17 anos, escreveu ainda algumas das letras das revistas “À Coca”, “Era uma vez em Setúbal” e “Quentes e Boas”.

Em 1996, Fernando Guerreiro foi agraciado pela Câmara Municipal com a Medalha de Honra da Cidade de Setúbal, na classe Cultura.