A provedora do Animal em Portugal e um ativista norte-americano estiveram a 23 de outubro em Setúbal no âmbito de um movimento para o bem-estar dos cetáceos em cativeiro, aproveitando o facto de a cidade possuir uma comunidade selvagem de golfinhos.


No Centro Interpretativo do Roaz do Estuário Sado, instalado na Casa da Baía, a provedora Laurinda Pedroso e o ativista Richard O’Barry, do Dolphin Project, foram recebidos pela vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro, num encontro que permitiu a troca de experiências e conhecimentos.

“Temos por missão a proteção dos nossos golfinhos, razão pela qual estamos sempre disponíveis para contribuir e para partilhar a experiência que temos com a comunidade de roazes-corvineiros residente quando alguém nos procura”, afirmou a autarca, que tem o pelouro do Ambiente na autarquia.

Carla Guerreiro, ao apontar que os golfinhos são “um dos símbolos da identidade setubalense e um património natural de extrema importância para a população”, partilhou que em Setúbal, cuja comunidade de roazes-corvineiros é composta por 25 elementos, existem “inúmeras referências a este animal”.

A visita a Setúbal faz parte do programa de ações que Richard O’Barry, antigo treinador na indústria dos golfinhos em cativeiro, está a desenvolver em Portugal a convite da provedora do Animal para alertar para o bem-estar dos cetáceos em cativeiro, em que se incluiu a apresentação do documentário “The Cove”.

Richard O’Barry ajudou a capturar e a treinar dezenas de animais, mas, em 1970, tudo mudou quando uma fêmea lhe morreu nos braços. “Fiquei tão zangado, porque ela não tinha de morrer. Aprendi imenso. E quando se aprende estas coisas e não se faz nada, não se consegue dormir à noite.”

A provedora destacou que “Richard tornou-se ativista para chamar à atenção que devemos ver os animais na natureza”, razão pela qual decidiu vir com o norte-americano visitar Setúbal e conhecer “um local onde estes animais vivem em liberdade”.

A responsável defendeu que não existe qualquer argumento para manter e reproduzir golfinhos em cativeiro. “São animais selvagens, dos mais inteligentes dos oceanos, e não estão em perigo de extinção. Não há argumento de preservação. Servem o único propósito de exibição em espetáculo.”

Laurentina Pedroso adiantou que os golfinhos podem ser apreciados e observados, com a devida cautela e moderação, nos habitats naturais. “Estamos a falar de animais que podem viver cinquenta anos. Em cativeiro estão privados do seu comportamento natural. Não podemos manter os animais nesta forma.”