Cultura Sem Barreiras | Visita guiada ao Museu do Trabalho Michel Giacometti

Utentes de uma instituição ligada à inclusão de pessoas cegas classificaram o Museu do Trabalho Michel Giacometti como totalmente acessível, graças a intervenções de melhoria realizadas recentemente pela Câmara Municipal.


No âmbito da avaliação ao funcionamento do Museu do Trabalho após a implementação de um conjunto de soluções pensadas especificamente para pessoas com deficiências, realizou-se uma visita, a 25 de março, que juntou utentes da Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais, além de técnicos municipais.

Logo na receção, os pés de Rita percecionam um símbolo. É o piso tátil direcional, um pavimento diferente, com textura que se destaca do resto do espaço para despertar a atenção de pessoas cegas ou com baixa visão. “Este chão é fundamental porque indica-nos o caminho a seguir”, referiu.

Rita, uma das sete utentes da Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais de Lisboa que visitaram o equipamento municipal, encarou a implementação desta solução com “satisfação”, por “ajudar a permitir uma melhor mobilidade” no museu.

Ao longo da iniciativa, os técnicos do Serviço Educativo dos Museus Municipais da Câmara Municipal quiseram recolher a opinião do grupo em relação às condições e materiais de acessibilidade do museu para pessoas cegas ou com baixa visão, desde as rampas e pisos ou plantas com relevos aos materiais táteis e em braille.

Todos estes recursos ajudam quem é cego ou quem tenha baixa visão, sendo que as pessoas cegas que não saibam ler braille podem recorrer aos áudio-guias existentes no local.

A acompanhar o grupo enquanto responsável, a assistente social Joana Costa realçou a importância de as pessoas cegas acederam à cultura. “O Museu do Trabalho Michel Giacometti é extremamente bem-adaptado para pessoas com deficiência visual. Ficámos muito satisfeitos e iremos voltar com mais alunos”, destacou no final.

Já Gorette, pessoa cega e que entrou pela primeira vez no Museu do Trabalho, assinalou “a apresentação” feita e “o cuidado” posto pelos técnicos. “Gostei muito de vir aqui. É pena já ter terminado”, confessou a utente da Associação Promotora de Emprego de Deficientes Visuais.

A visita, realizada ao longo de mais de duas horas, percorreu todas as áreas, com passagem pelas exposições de longa duração “Mercearia Liberdade”, “Ao Encontro do Povo” e “Da Lota à lata”, dedicadas aos três setores da economia, os quais compõem o perfil do Museu do Trabalho Michel Giacometti.

A iniciativa decorreu no âmbito do projeto “Setúbal – Cultura Sem Barreiras”, o qual resulta de uma candidatura comunitária ao Lisboa 2020 – Programa Operacional Regional de Lisboa, do Portugal 2020, destinada a incrementar ações artísticas e culturais para valorização da participação cívica e fruição cultural e patrimonial por toda a população, independentemente das condições físicas ou mentais de cada cidadão.

No âmbito deste projeto, a Câmara Municipal apetrechou os equipamentos culturais com um conjunto alargado de soluções pensadas especificamente para pessoas com deficiências, de maneira a eliminar barreiras físicas e a permitir a fruição dos diferentes espaços por todos os cidadãos.

O Museu do Trabalho, a Casa Bocage/Arquivo Fotográfico Américo Ribeiro, o Museu de Setúbal/Convento de Jesus, o Fórum Municipal Luísa Todi, o Cinema Charlot – Auditório Municipal, a Casa da Cultura e a Biblioteca Municipal são alguns dos equipamentos abrangidos pela candidatura, a qual tem um investimento de quase meio milhão de euros, comparticipado com uma taxa de 50 por cento pelo Fundo Social Europeu.