A jovem estudante de medicina convenceu o júri da prova com a interpretação dos fados “Folha” e “A Fadista”, conquistando, assim, o primeiro lugar de uma final muito equilibrada e que lhe garantiu um prémio de 600 euros e a atuação na Feira de Sant’Iago de 2018.

“O bichinho do fado começou neste mesmo palco”, recordou Catarina Ferreira ao apontar para a ribalta da Capricho Setubalense, onde já havia ganhado em 2012 a variante infantojuvenil do mesmo concurso, modalidade que, entretanto, foi extinta.

Apesar de emocionada por conseguir agora o prémio principal da prova, a jovem fadista confessa que a aposta na carreira recai no curso de medicina, motivo pelo qual se encontra a viver há cinco meses em Badajoz.

“Mas sem dúvida que hei de levar o fado até lá e sem dúvida que conto participar em mais concursos como este”, garante.

O segundo lugar do 10.º Concurso de Fado de Setúbal foi atribuído a Carlos Borges, da Cova da Piedade, e, o terceiro, a Joaquim Grilo, de Montemor-o-Novo, premiados com 400 e 300 euros, respetivamente.

A distinção “Prémio do Público”, encontrada por votação, coube a Sara Coito, de Lisboa, e a de “Melhor Fadista do Concelho” foi entregue à setubalense Carolina Mendes. A primeira recebe 125 euros e ambas estão igualmente convidadas a atuar na Feira de Sant’Iago.

O júri do concurso foi constituído por Nuno Marques, presidente da Capricho Setubalense, Nuno Batalha, maestro e representante da Câmara Municipal de Setúbal, e, como convidado, o fadista Pedro Moutinho, para quem “é muito difícil ter de avaliar a prestação de outros cantores”.

O fadista, regressado há apenas dois dias de uma curta digressão na Índia e que também atuou no salão da Capricho Setubalense, considera que concursos como o de Setúbal “fazem sempre sentido, pois fazem crescer e ajudam a manter viva uma arte que é também a identidade de um povo”.

Apesar do espírito de competição inerente a um concurso, Pedro Moutinho, que confessou ter sido “surpreendido por várias prestações durante a noite”, sublinhou que, “seja qual for a situação em que se canta o fado, o principal é que o fadista se divirta, pois só assim é que faz sentido”.

Noção que aplica na própria carreira, pois, em vésperas de gravar mais um disco, Pedro Moutinho garante que “o nível de ansiedade não é maior do que o de outro dia qualquer”.

O 10.º Concurso de Fado de Setúbal devolveu, como já é hábito, o espírito castiço à Capricho Setubalense, num serão em que o público que encheu por completo a sala ouviu fado ao mais alto nível, em mesas repletas de tapas e vinho.

“Não há fruição de um espetáculo cultural sem uma casa cheia como a que esteve aqui”, sublinhou o vereador da Câmara Municipal de Setúbal Ricardo Oliveira, que também agradeceu “aos finalistas por terem tornado esta edição a melhor edição de sempre, antes da próxima edição”, numa brincadeira em que enalteceu, desse modo, a qualidade do espetáculo proporcionado na final do evento.

A prova, organizada pela Sociedade Musical Capricho Setubalense e pela Câmara Municipal de Setúbal, contou com os apoios da Fundação Buehler-Brockhaus, da União das Freguesias de Setúbal, da Rádio Amália e do Hotel do Sado.

O presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, sublinhou o crescimento que a prova tem vivenciado desde a primeira edição, enquanto o presidente da Capricho Setubalense, Nuno Marques, recordou a importância de o fado ter sido eleito como Património Imaterial da Humanidade.

“Um dos critérios para algo ser elegível para tal distinção é que o objeto em apreciação tem que ser unanimemente aceite como em estado de ameaça. A eleição do fado levou em consideração, entre outros, esse critério. Por isso é tão importante continuar a apoiar com concursos como os de Setúbal esta manifestação artística”, frisou Nuno Marques.

O público aguarda, agora, a 11.ª edição do certame dedicado à canção nacional que pertence a todo o mundo.