Duas participações em Setúbal, duas vitórias consecutivas para o nadador húngaro de apenas 21 anos, que conquistou o mais alto lugar do pódio na etapa setubalense da FINA/HOSA Marathon Swim World Series, a terceira daquele circuito mundial, realizada a partir do Parque Urbano de Albarquel.

Kristof Rasovsky, com o tempo de 1h55m58s, cruzou a meta isolado à frente do italiano Mario Sanzullo, com 1h56m22s, e do britânico Jack Burnell, que terminou a prova em 1h56m23s. Já o campeão olímpico em título, o holandês Ferry Weertman, não foi além do quarto lugar.

Com a temperatura das águas do Sado a rondar os 17 graus Celcius, tornou-se obrigatório o uso de fatos isotérmicos, uma imposição regulamentar da Federação Internacional de Natação, parceira na organização da prova juntamente com a Câmara Municipal de Setúbal e a Federação Portuguesa de Natação.

Kristof Rasovsky, que detém o recorde da Setúbal Bay, conquistado em 2017, revelou que esta foi uma “vitória mais difícil do que a do ano anterior”. O nadador fugiu ao pelotão no início da quinta volta e nunca mais largou a liderança. “Só pensei em nadar o mais rápido que pudesse.”

Sobre o uso do fato isotérmico, afirmou que a adaptação “foi um pouco mais difícil do que estava à espera”. Ainda assim, apesar de alguns problemas relacionados com mobilidade, sobretudo ao nível das braçadas, afirmou que ao longo dos dez quilómetros da prova o uso “não foi assim tão mau”.

Depois da prova setubalense, a maratona aquática passa por Balatonfüred, na Hungria. “Esta vitória acaba por ser uma motivação extra para a próxima etapa. Vou estar a competir em casa, com mais apoio e, por isso, espero dar continuidade ao bom resultado obtido em Setúbal.”

Na prova feminina, que terminou ao sprint, a vitória sorriu à norte-americana Haley Anderson, com o tempo de 2h05m19s, apenas menos um segundo que a holandesa e campeã olímpica Sharon van Rouwedaal, com 2h05m20s. Em terceiro ficou a australiana Kareena Lee, com 2h05m22s.

Para a nadadora dos Estados Unidos da América foi o segundo triunfo em Setúbal, depois de já ter alcançado o primeiro lugar do pódio em 2012, numa prova de qualificação olímpica que lhe garantiu o passaporte para os Jogos Olímpicos realizados nesse ano em Londres.

“Já participei algumas vezes na etapa de Setúbal e esta foi a vez em que senti a água mais fria”, salientou Haley Anderson, que não teve problemas de maior em nadar com o novo fato isotérmico. “Não foi mais nem menos difícil. Foi, simplesmente, uma experiência diferente.”

Menos sorte teve a “armada” portuguesa, em que o melhor nadador luso em prova foi o ainda júnior Tiago Campos, classificado no 31.º lugar, ao completar a maratona aquática em 1h58m36. “Não estava à espera deste resultado”, afirmou, satisfeito, ainda antes de saber que tinha terminado à frente de atletas mais experientes.

Tiago Campos assumiu que procurou “acompanhar sempre o grupo da frente” mas que acabou “por ceder”, naquela que foi a estreia na prova internacional da Taça do Mundo. “Foi tudo uma novidade”, salientou o jovem atleta de 19 anos, com larga margem de progressão na modalidade. “Foi uma boa experiência.”

Já Rafael Gil não foi além do 40.º lugar, em 2h00m25s. “Estava ansioso e foi uma surpresa total”, frisou o nadador, que não se adaptou ao fato isotérmico. “Movimentos presos e muito calor. Só pensava em pôr água no fato. Tenho a certeza de que se não o tivesse usado teria tido um resultado melhor.”

Já José Carvalho, que liderou o pelotão ao longo de grande parte primeira volta, ficou na 45.ª posição, com o tempo de 2h04m22s.

Angélica André, a única nadadora portuguesa em prova na Setúbal Bay 2018 e que há cerca de uma semana conquistou o quinto lugar na Taça da Europa, competição realizada em França, foi obrigada a desistir a meio da maratona com uma dor no ombro provocada pela adaptação ao fato isotérmico.

“Custou-me muito ter de desistir, mas foi uma opção que me permite pensar em recuperar dos efeitos negativos do fato que me provocaram fortes dores no ombro. Se terminasse poderia colocar em causa a minha forma mas, assim, poderei recuperar a tempo para o europeu e competir e na próxima etapa da Taça do Mundo.”

Setúbal recebeu pela décima segunda vez a competição internacional de águas abertas, incluindo duas provas de qualificação olímpica, em 2012 e em 2016. “É um evento que está consolidado no calendário desportivo de Setúbal e que muito nos enche de orgulho”, afirmou a presidente da Câmara Municipal, Maria das Dores Meira.

Com perto de uma centena de nadadores em representação de 21 nações dos cinco continentes, a Setúbal Bay “é um dos principais eventos desportivos da cidade, que se vai manter nas águas do rio Sado, o principal equipamento desportivo juntamente com a Serra da Arrábida, pelo menos até 2021”, frisou a autarca.

“Esta é a maior competição de águas abertas realizada em Portugal”, exaltou Maria das Dores Meira, ao reforçar o “sentimento de missão cumprida” por ter a prova de natação em águas abertas em Setúbal durante doze anos. Uma competição que, acrescentou, “as pessoas já se habituaram a apreciar”.

O circuito mundial da FINA/HOSA Marathon Swim World Series 2018, no qual participa a elite da natação em águas abertas, foi iniciado a 17 de março, em Doha, no Catar, e prolonga-se até novembro, com a última prova agendada para o dia 24 de novembro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

OPEN CHALLENGE

A par da prova principal, integrada nos 15.os Jogos do Sado, na parte da manhã realizou-se um novo evento de caráter popular, o Open Challenge FINA/HOSA Marathon Swim World Series 2018, para várias idades e destinado à promoção da modalidade de natação em águas abertas.

Apesar das condições meteorológicas adversas, contou com mais de três centenas de participantes, incluindo o vereador do Desporto na Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, e o presidente do comité organizador da “Setúbal Bay” e membro de um comité técnico da Federação Internacional de Natação, Luís Liberato.

Na prova de 1660 metros, correspondente a uma milha náutica, Mário Bonança, do Sporting Clube Portugal, terminou em primeiro com o tempo de 20m18s, seguido de Gonçalo Bárbara, do Clube de Natação de Rio Maior, com 20m20s, e de David Grachat, do Gesloures, com 20m28s.

Na mesma prova, na vertente feminina, Eva Carvalho, atleta do Sport Lisboa e Benfica, venceu com o tempo de 20m31s, à frente de Maria João Fernandes, do Clube Fluvial Portuense, com 22m15s, e de Bruna Reisenberg, do Clube de Instrução e Recreio do Laranjeiro, com 22m23s.

O Open Challenge contou ainda com provas em distâncias de 200 metros, na qual Tiago Venâncio, de A Onda, e Marta Santos, do Clube Naval Setubalense, com 4m05s, foram os vencedores, e de 600 metros, ganha por André Magalhães, de A Onda, e Beatriz Freixeiro, do Clube de Natação de Rio Maior.