A peça, com encenação de José Maria Dias e interpretação de Cátia Terrinca e Eduardo Dias, teve lotação esgotada na noite de estreia e voltou a encher praticamente a sala do Fórum Municipal Luísa Todi, a 19 de agosto, segundo dia da Festa do Teatro, organizada pelo Teatro Estúdio Fontenova (TEF) e pela Câmara Municipal de Setúbal, a decorrer até 27 de agosto.

A sessão de abertura, com os habituais discursos e um apontamento musical, com a cantora e bailarina Tatiana Cobbett, com o projeto Arcadia, a misturar ritmos brasileiros com poemas portugueses de Bocage e Florbela Espanca, nos Claustros do Convento de Jesus, foi outro ponto alto do primeiro fim de semana do evento.

A presidente da Câmara Municipal de Setúbal sublinhou a importância da Festa do Teatro na oferta cultural da cidade, um “evento de características únicas, com uma qualidade que ombreia com os principais certames de teatro que se realizam na região e no país”.

Maria das Dores Meira destacou que este é “um dos principais acontecimentos culturais que o concelho de Setúbal oferece”, o qual leva a autarquia a considerar “fundamental” a manutenção da parceria com o Teatro Estúdio Fontenova para financiar um projeto cultural que recebe “uma fatia importante” do orçamento municipal destinado à promoção de eventos culturais.

A autarca recordou que, há dois anos, o Governo decidiu não eleger uma candidatura do Teatro Estúdio Fontenova a um apoio de 25 mil euros para a organização do certame, uma situação “injusta” que levou a Câmara Municipal, em 2016, a reforçar o financiamento em 25 por cento do montante atribuído no ano anterior, linha que se mantém este ano.

“Esta decisão traduz um esforço significativo para, no quadro do financiamento das instituições culturais e das atividades específicas, darmos o sinal necessário de que estamos presentes para, com o Teatro Estúdio Fontenova, mantermos vivo o festival. É a nossa cidade que fica a ganhar.”

Aliás, este ano, o apoio atribuído pela autarquia é, novamente, o único financiamento que, admite o diretor do Teatro Estúdio Fontenova, José Maria Dias, permite a realização do evento, já que o Governo “voltou a deixar este festival de fora dos apoios à cultura”.

José Maria Dias recordou que a primeira edição do Festival Internacional de Teatro de Setúbal aconteceu há 22 anos, como forma de celebrar os dez anos de atividade regular do TEF, mas também para dar à cidade uma grande festa de teatro.

“O sonho está a cumprir-se e temos muito orgulho no nosso percurso. Este é um dos festivais do género de maior prestígio a nível nacional e com cada vez maior reconhecimento a nível internacional.”

A comprová-lo está o facto de a Secção Off Mais Festa ter recebido 98 candidaturas de vários países, “o que torna o festival pequeno em número de dias e em orçamento para abarcar tantas e tão aliciantes propostas”.

Além da Secção “Mais Festa”, que abre a possibilidade a jovens e estruturas emergentes de mostrarem as suas criações, usufruindo da lógica e da promoção do festival, a XIX Festa do Teatro mantém a aposta numa programação eclética, com mais de três dezenas de espetáculos em que o teatro, de sala e de rua, apresentado por companhias de Portugal, Espanha, Brasil, Inglaterra e Itália, é a pedra angular.

Mas o certame abrange outras expressões artísticas, como o cinema, a música, a dança e as artes plásticas, encontros, debates e manifestações artísticas emergentes, que decorrem em vários equipamentos e espaços públicos da cidade.

Fórum Municipal Luísa Todi, Casa da Cultura, Convento de Jesus, Escola Secundária Sebastião da Gama, Praça de Bocage, Parque do Bonfim e largos da Ribeira Velha e do Sapalinho são os locais onde se realizam as mais de três dezenas de eventos da XIX Festa do Teatro.

No fim de semana de abertura, além do espetáculo musical com a artista brasileira Tatiana Cobbett, e da estreia de “Voz dos Pássaros”, houve lugar à primeira sessão do ciclo de encontros (Re)Cantos, dia 18 à noite, na Casa da Cultura, onde o tema para uma conversa descontraída foi, precisamente, a estreia da nova produção do TEF.

Dia 19, às 21h30, o teatro foi à rua no Largo da Ribeira Velha com “Desgraça à La Carte”, apresentado pelos alunos da Oficina de Teatro conduzida pelo ator José Nobre. Noutro local da Baixa sadina, no Largo do Sapalinho, a noite foi animada com duas sessões de “Samsara”, um ritual performativo interpretado por Rui Paixão.

No domingo, no âmbito da Secção Mais Festa, o espetáculo infantil “Jardim Pim Pim”, da Rugas Associação Cultural, animou a Casa da Cultura, com uma sessão de manhã e outra à tarde, e a companhia InActu levou “Sopinhas de Mel” ao auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama.

Já a Mundanal Ruido Teatro, Espanha, apresentou, no ginásio da Escola Secundária Sebastião da Gama, o espetáculo “Farsa y Licencia de La Reina Casta”, peça vencedora da Secção Mais Festa 2016 e que este ano concorre na Secção Oficial.

O terceiro dia a Festa do Teatro terminou na Casa da Cultura com “Tecno Sapiens”, projeto da Faísca Teatro, com a duração total de 15 minutos, com cada uma das cenas a durar apenas um.

Dia 21, o certame prossegue com o encontro “O panorama da dramaturgia portuguesa contemporânea”, com a participação dos dramaturgos Jorge Palinhos, Ricardo Cabaça e Sónia Baptista e moderação de Pedro Alves, a partir das 18h00, no Artes Café da Casa da Cultura.

Às 22h00, a companhia TrêsMaisUmQuarto apresenta “Natália”, uma peça sobre Natália Correia, no auditório da Escola Secundária Sebastião da Gama.

O programa completo da XVII Festa do Teatro pode ser consultado no site do Teatro Estúdio Fontenova ou nesta ligação do site da Câmara Municipal de Setúbal.