As entidades que acolhem as denúncias acreditam que os dados divulgados recentemente podem não ter uma relação direta com o aumento das agressões entre os casais, mas, sim, demonstrar um crescimento nas participações do crime, facto que consideram positivo.

Num auditório cheio de jovens, Balbina Silva, da delegação de Setúbal da APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vitima, advertiu a plateia para estar atenta a sinais de alerta. “Se vocês têm um amigo que começou a distanciar-se, que só quer estar com o namorado ou namorada ou deixou de fazer algumas atividades que habitualmente fazia, devem tentar ajudá-lo. Qualquer pessoa pode tornar-se vitima de violência.”

Nesta 21.ª sessão plenária do Fórum da Juventude foram debatidas as várias formas de violência que o namorado/a pode exercer. As entidades presentes foram unânimes a incentivar a denúncia deste tipo de crime, “que não é novo, sempre existiu”.

Um dos dois agentes da PSP que intervieram no encontro alertou os jovens para o uso abusivo dos telemóveis, pois “existem várias queixas de chantagem, relacionadas com imagens captadas com recurso aos telefones, o que também constitui violência no namoro”.

João Paiva, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, afirmou que a violência exercida sobre a mulher era, socialmente, menos condenável, porque o homem sempre teve o papel de “guerreiro” de “chefe de família”.

Este crime só viu a moldura penal “modificada nos anos 70, porque, até aí, era entendido como um problema da esfera privada do casal”.

Em 2013, chegaram às autoridades 27.387 participações relacionadas com violência doméstica.