Março Mulher | Jornadas Março Mulher | Auditório Bocage

O vereador da Câmara Municipal Pedro Pina sublinhou no dia 9, num encontro dedicado aos direitos das mulheres, a responsabilidade da sociedade e das instituições em garantir que não haja um retrocesso na igualdade de género.


“O grande desafio que se coloca, a todos nós, é termos a confiança de que não vamos deixar que voltemos para trás aquilo que conseguimos conquistar em matéria de igualdade de género”, defendeu o autarca, na sessão de abertura da 2.ª edição das Jornadas Março Mulher, que assinalou o encerramento do programa Março Mulher, realizada na manhã de dia 9 no Auditório Bocage.

O encontro, com moderação da consultora na área da juventude e mestranda em Estudos sobre as Mulheres Rafaela Nunes, juntou especialistas na área dos direitos das mulheres numa reflexão sobre as conquistas adquiridas e sobre os obstáculos a ultrapassar e as estratégias a desenvolver para uma igualdade de género em pleno.

Em mesas redondas e numa roda de conversas, personalidades como a jornalista premiada por reportagens sobre igualdade de género Catarina Marques Rodrigues, a presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Sandra Ribeiro, a escritora Paula Cosme Pinto e a socióloga do trabalho Mariana Carneiro partilharam ideias que promovem a igualdade.

O vereador com o pelouro dos Direitos Sociais, Pedro Pina, fez questão de sublinhar que, da parte da Câmara Municipal de Setúbal, o concelho “pode contar com mulheres e homens que nunca baixarão os braços pela luta pela igualdade, pela luta contra o racismo, contra a xenofobia, contra a misoginia e contra tudo aquilo que ameace direitos fundamentais”.

Num auditório maioritariamente composto por jovens, o autarca vincou que a transformação e o desenvolvimento das sociedades começam agora, sendo os jovens os principais protagonistas.

“Uma grande dificuldade que tenho quando olho para uma plateia jovem como esta é dizer que vocês são o futuro. Estamos com uma urgência enorme que vocês sejam o presente. Na Câmara Municipal acreditamos no desígnio de olharmos para cada um de vocês como presente e não como seres ‘em trânsito’. Precisamos que sejam parte ativa de todas as discussões”, evidenciou.

Pedro Pina sublinhou que “este é o tempo em que é preciso haver um enorme respeito entre as instituições, porque essa é uma das matérias mais relevantes para a defesa da democracia”, saudando o compromisso de defesa dos direitos das mulheres de instituições do concelho como a SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social que, há 30 anos, promove o programa Março Mulher em parceria com a Câmara Municipal de Setúbal.

“Trinta anos aqui chegados, não deve ser um tempo de saudosismo. O erro maior que podemos ter nestes que são também os 50 anos do 25 Abril é olhar para o passado sem a confiança que temos de lutar pelo futuro”, acentuou.

Com a maior parte das atividades centradas no mês de março, a 30.ª edição do programa Março Mulher evocou os 50 anos do 25 de Abril com um programa eclético subordinado ao tema “Sermos Iguais em Liberdade”, que contou com a novidade de ter o apoio de uma comissão organizadora, constituída pelas juntas de freguesia, o Instituto Politécnico de Setúbal e a Associação para a Promoção da Mulher – Conexão Feminina.

O presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Luís Matos, apelou para que se reflita sobre o que falta fazer para alcançar a verdadeira paridade de género no país. “A desigualdade que existe, ainda, entre a mulher e o homem não pode continuar a acontecer. Temos de refletir sobre o porquê de ainda não haver igualdade para trabalho igual.”

Luís Matos lembrou os últimos dados divulgados sobre as disparidades salariais, que mostram que “a mulher recebe menos 26 por cento de salário médio mensal do que os homens nas mesmas funções”.

Partilhando da mesma visão do vereador Pedro Pina, o presidente da Junta de S. Sebastião defendeu que a liberdade, muitas vezes dada como adquirida, deve ser protegida e cuidada, nas suas várias dimensões.

“Nunca deveremos dar como adquirida a liberdade. Há ainda muito para fazer na igualdade e nos direitos da mulher em temas como a interrupção voluntária da gravidez, os cuidados básicos de saúde ou o direito à maternidade. Há ainda muito caminho a percorrer”, realçou.

Patrícia Patrício, da SEIES, concordou e apontou que há desigualdades entre mulheres e homens “a nível pessoal e familiar, social, profissional, económico e dos rendimentos e também ao nível das tomadas de decisão na esfera pública, económica e cívica”.

A sócia da SEIES disse que o Março Mulher, de comemoração do Dia Internacional da Mulher, “concretiza-se através de um programa constituído por centenas de organizações e de pessoas que se articulam e trabalham em parceria no desenvolvimento de atividades de informação, de sensibilização e de proteção para a cidadania relacionadas com o tema da igualdade”.

O principal objetivo, notou, é “promover a realização de dinâmicas locais para sensibilizar e promover a reflexão/ação sobre as desigualdades entre mulheres e homens e incrementar a cidadania ativa para mulheres e homens na comunidade, permitindo que a diversidade de género, de cultura e de etnia seja uma riqueza acrescentada e não um fator de discriminação”.

Já a presidente da CIG – Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, Sandra Ribeiro, que participou na sessão de abertura e numa comunicação subordinada ao tema “A relação entre igualdade e liberdade/igualdade de facto – que caminhos e estratégias?”, realçou que “a defesa dos direitos humanos está no ADN da cidade de Setúbal”.

O encerramento da 2.ª edição das Jornadas Março Mulher esteve a cargo da administradora da SEIES, Joana Peres, da dirigente da Conexão Feminina, Keylla Gonçalves, da professora do Instituto Politécnico de Setúbal Fernanda Gomes da Costa e da vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Carla Guerreiro.

Ao longo da sessão, houve apontamentos musicais pelo Conservatório de Música de Setúbal e momentos de poesia pela Casa da Poesia de Setúbal.