No balanço da situação feito à comunicação social, André Martins adiantou que, durante a noite e, em particular ao longo da manhã, várias equipas da Autarquia e do Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros atuaram nas ruas afetadas pelo dilúvio.

No total, foram destacados cerca de 50 trabalhadores da Autarquia, nomeadamente do Departamento de Obras Municipais e dos serviços de Higiene Urbana, e aproximadamente 30 elementos da Companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal.

André Martins observou que as cheias se verificaram principalmente na zona do Montalvão, na União das Freguesias de Setúbal, enquanto na Baixa comercial da cidade “os efeitos foram menores do que normalmente acontecem”.

O maior controlo da situação no coração do centro histórico, adiantou o autarca, “tem a ver com uma ação que a Câmara Municipal desenvolve ao longo de todo o ano na limpeza a montante das ribeiras que atravessam a cidade, bem como dos coletores na zona canalizada”.

A origem das cheias, explicou, reside num problema relacionado com a configuração geográfica de Setúbal. “Com as chuvas torrenciais foram arrastados materiais provenientes da serra [da Arrábida] e, quando chegaram à zona canalizada, dificultaram a passagem das águas. Por isso é que a terra chegou a aqui [zona dos Arcos]. Começaram a passar por cima das canalizações.”

André Martins acrescentou que “quando os serviços municipais fizeram a intervenção de desbloqueamento de materiais a situação regularizou-se, mas, nessa altura, a chuva continuou a cair com intensidade e coincidiu com a maré cheia, o que dificultou durante toda a noite” o escoamento eficaz das águas.

O vice-presidente da Câmara Municipal de Setúbal sublinhou ser “muito difícil” resolver por completo o fenómeno das cheias, precisamente devido à localização da cidade em relação à Arrábida.

A Autarquia está, ainda assim, “a trabalhar na menorização dessas situações”. O edil recordou que, na sequência das cheias de 2008, que tiveram maior impacte na Baixa do que as atuais, a Câmara Municipal realizou um estudo em conjunto com o Ministério do Ambiente para aferir as soluções possíveis de prevenção de cheias na cidade.

“Na sequência desse estudo, será terminado até ao final deste ano um projeto para a construção de bacias de retenção de águas na Várzea de Setúbal”, o que, depois de executado, assegurou, tornará “mais fácil controlar este problemas de riscos de cheias na cidade”.

No início de 2015, mediante a conclusão do estudo, André Martins frisou que serão analisadas, juntamente com o Governo, soluções financeiras para se poder dar início o mais rapidamente possível à construção das respetivas bacias de retenção.

A execução do projeto, uma vez terminada, prevê o autarca, vai dotar os serviços municipais de “uma melhor capacidade de controlar” o fenómeno das cheias.

As inundações que ocorreram na madrugada do dia 28 na zona do Montalvão não implicaram danos muito significativos.

À margem das intervenções registadas no centro da cidade, o presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas, adiantou que equipas da junta de freguesia atuaram ao longo da noite e da manhã noutras situações, pontuais e de menor intensidade, verificadas em zonas limítrofes da malha urbana.