A chegada do arauto do rei D. Manuel trouxe boas-novas à população setubalense em ambiente de festa, apresentando o foral responsável há 500 anos por profunda reforma administrativa em Setúbal, uma das mais proeminentes vilas do reino na época. 

Alexandre Cabrita, da Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal, entidade que dinamizou a evocação com o apoio da Câmara Municipal, foi o mensageiro real que, entre algumas contextualizações históricas, úteis ao público contemporâneo, anunciou, com pompa e circunstância, as “novas” determinações reais.

“Sabei que nesta ilustre vila não chega um foral del-rei desde a altura de D. Afonso III, há cousa de 200 anos”, explicou o arauto aos cerca de 70 figurantes e várias dezenas de pessoas que assistiram à evocação, com início na Igreja de Jesus.

Entre vénias e ribombar de tambores, a corte setubalense, na qual participaram, vestidos a rigor, a presidente, ou, no caso, a “alcaidessa” da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, e o vereador da Cultura, Pedro Pina, desfilou entre o Convento de Jesus e a Baixa de Setúbal, para, no Largo da Ribeira Velha, o arauto se dirigir novamente aos populares.

O mensageiro usou de alguma dose de humor, para, ali, sumarizar o conteúdo do foral ao povo, muito dele vestido ao rigor da época.

Entre deveres e haveres, o arauto recordou que competia à vila pagar à Coroa algumas taxas. “Não deem meia cabeça de gado, mas quatro. Não façam como noutros locais onde dão a cabeça do gado à Coroa e devolvem o resto ao campo para continuar a pastar”, brincou o mensageiro Alexandre Cabrita.

A par da evocação da entrega do foral manuelino, a qual contou ainda com a colaboração do Teatro do Elefante, da Uniseti – Universidade da Terceira Idade de Setúbal e da fanfarra dos Bombeiros Voluntários, as comemorações decorreram entre os dias 27 e 29, com um programa que incluiu várias atividades.

Na Baixa da cidade, repartido pelos largos da Misericórdia e da Ribeira Velha, um mercado quinhentista recuperou as feiras de outros tempos. Artesanato e gastronomia, principalmente doçaria, voltaram a comercializar-se no Centro Histórico de Setúbal como há 500 anos.

Em simultâneo realizaram-se várias atividades de rua, como animações teatrais, a cargo do Teatro do Elefante, demonstrações de armas pela Ordem da Cavalaria do Sagrado Portugal e artes circenses e fogo.

O Teatro Animação de Setúbal apresentou, no domingo, no Largo da Misericórdia, a peça “Auto da Barca do Inferno”, enquanto, no mesmo dia, mas no Largo da Ribeira Velha, alunos da oficina de teatro da Casa da Cultura apresentaram uma banca de venda de “imaginação”.

O programa prevê ainda a realização de um mercado histórico na Feira de Sant’Iago, certame que decorre entre 25 de julho e 3 de agosto.

As comemorações, promovidas pela Câmara Municipal, contam também com as parcerias de Passado Vivo, dos Centros de Estudos Bocagianos, da LASA – Liga de Amigos de Setúbal e Azeitão