Kids Dive | batismos de mergulho na Piscina das Palmeiras

Mais de uma centena de alunos do ensino básico e secundário de Setúbal estão a viver, até dia 9 de abril, uma experiência educativa inédita, que consiste em batismos de mergulho numa piscina municipal onde é simulado o fundo do oceano.


A ação, promovida pela associação MARDIVE e pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente no âmbito do programa Kids Dive, abrange 120 alunos do 10.º ano das escolas secundárias du Bocage e D. João II e do 5.º e 8.º anos da Escola Básica de Azeitão e da Escola Básica e Secundária Lima de Freitas.

A atividade, a decorrer entre hoje e amanhã na Piscina Municipal das Palmeiras, consiste em batismos de mergulho, nos quais os alunos cumprem um percurso subaquático ao longo do qual participam numa série de jogos com o objetivo de promover a sustentabilidade e a proteção do oceano, bem como alertar para os riscos ambientais.

“O mergulho em piscina é uma oportunidade de mostrar às gerações mais novas que o mergulho não é uma atividade nada radical e que podem olhar, com os próprios olhos, para aquilo que têm no concelho de Setúbal, perceber o que existe debaixo de água, que é para, um dia mais tarde, se houver alterações naquilo que existe no meio aquático no concelho, eles estarem alerta e conseguirem constatar por iniciativa própria”, explica o coordenador do Kids Dive, Frederico Almada.

Ao longo do percurso, composto por zonas de pesca e de algas, os alunos têm oportunidade de conhecer as cores e os sons idênticos ao mar, além de ficarem sensibilizados para a poluição marinha.

“Numa das fases do circuito, os alunos passam por dois arcos, tipo hula hoop, e quando chegam ao terceiro e último arco há uma película de plástico transparente, que é não visível debaixo de água”, o que constitui “uma oportunidade para perceberem” como os plásticos causam problemas nos animais.

“É muito interessante ver os alunos a fazer isto e a perderem ali dois ou três segundos até conseguirem perceber que barreira invisível foi aquela contra a qual chocaram. É uma forma de eles sentirem também o que é ser um animal marinho num oceano poluído”, constata o biólogo do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da associação MARDIVE

No final do percurso, os alunos são desafiados a tirar uma selfie, a andar numa scooter subaquática – utilizada em investigação – e a escrever mensagens para o oceano.

“Achei esta atividade de mergulho bastante gira. Tinha um percurso onde podíamos fazer várias coisas. Gostei muito da paragem num caderno onde podíamos escrever uma mensagem para o oceano. Só tenho pena de ter acabado tão rápido”, afirmou Vasco, da ES Bocage, durante a ação, a qual foi acompanhada por instrutores.

Com 13 anos, Vasco é um dos 120 estudantes do concelho envolvidos no programa nacional “Kids Dive – Descobrir o Oceano”, que conta, pelo quinto ano, com o financiamento da Câmara Municipal de Setúbal e, nesta edição, já proporcionou uma visita guiada ao Oceanário de Lisboa e saídas de campo a Alpertuche, na Arrábida.

“Este tipo de atividades é muito importante, pois ajudam-nos a explicar a importância da biodiversidade. Logo no primeiro exercício havia uma argola coberta de plástico e não dava para ver, o que mostra a dificuldade que as espécies marinhas têm em diferenciar o que é plástico e o que não é”, referiu o jovem.

Houve alunos que não quiseram participar no mergulho e ficaram na bancada da Piscina Municipal das Palmeiras a contactar com tecnologia de exploração do mundo subaquático.

A ação de proteção do meio marinho e da biodiversidade realizada esta manhã integra-se no programa “Kids Dive – Descobrir o Oceano”, que pretende fomentar a literacia sobre os oceanos e alertar para a urgência de proteger o meio marinho e a biodiversidade, promovendo a sustentabilidade e contribuindo para a formação de uma “geração azul” mais participativa.

Entre hoje e amanhã, os alunos participam igualmente em workshops sobre “Biodiversidade Marinha” e “Desplastificar o Mar”, promovidos na Piscina Municipal das Palmeiras e na Escola Secundária du Bocage, respetivamente, pelo Jardim Zoológico de Lisboa e pela Associação Portuguesa de Lixo Marinho.

Já a 5 de junho, o Kids Dive Summit encerra o projeto no ano letivo 2023-2024, com intervenções de biólogos e de alguns dos 120 alunos participantes.