O chileno Alejandro “Mono” González, considerado o mais antigo muralista em atividade, dá uma conferência sobre muralismo e memória em 5 de setembro, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal.


No encontro, às 18h30, integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril promovidas pela Câmara Municipal de Setúbal, o artista chileno, reconhecido mundialmente pelos seus murais de temática social e com trabalhos em países como Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, China e Itália, aborda a importância do muralismo para a memória dos povos.

Mono González, 76 anos, licenciado em Desenho Teatral pela Universidade do Chile, teve como inspiradores artistas como Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros e foi um dos criadores da Brigada Ramona Parra, estrutura de intervenção artística de rua com papel muito ativo na campanha popular responsável pela eleição de Salvador Allende como presidente do Chile.

A sua conferência em Setúbal, de entrada livre, realiza-se um dia depois de se assinalarem 53 anos sobre a vitória eleitoral conseguida por Salvador Allende em 4 de setembro de 1970 e poucos dias antes de passarem 50 anos sobre o golpe de estado liderado por Augusto Pinochet.

A subida de Pinochet ao poder, em 11 de setembro de 1973, e a consequente instauração da ditadura militar que durou até 1990, obrigaram Mono González a entrar na clandestinidade e a trabalhar, sob nomes falsos, em carpintaria, teatro e cinema, para poder sustentar a família.

A presença do muralista chileno em Portugal acontece no âmbito do projeto “Histórias Que as Paredes Contam – 50 Anos de Muralismo em Setúbal”, coordenado por Helena de Sousa Freitas, cuja tese de doutoramento no ISCTE-IUL incidiu sobre esta temática.

Integrado no programa das comemorações em Setúbal dos 50 anos do 25 de Abril “Venham mais Vinte e Cincos”, o projeto contempla um total de cinco conferências, a execução de cinco murais por artistas plásticos de diferentes gerações, a organização de duas exposições de fotografia, o lançamento de um álbum de histórias e imagens do muralismo em Setúbal e um documentário sobre o processo criativo de todo o projeto.

A iniciativa tem como parceiros a Câmara Municipal de Setúbal, o Instituto Politécnico de Setúbal, o Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal/AMRS, as juntas de freguesia do concelho e a Sociedade Musical e Recreativa União Setubalense.