O vereador Pedro Pina reiterou a importância do muralismo na defesa da Liberdade e da Democracia

O vereador da Cultura da Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, destacou a 30 de janeiro, num encontro com o especialista norte-irlandês em muralismo Bill Rolston, a importância desta expressão artística urbana na defesa da Democracia e da Liberdade.


“Resistir é vencer. Por isso, independentemente de quaisquer divergências, quem acredita na Democracia e na Liberdade não pode deixar de estar unido”, afirmou o autarca na conferência “Dos Troubles ao Brexit – a expressão muralística na Irlanda do Norte”, realizada no Museu de Arqueologia e Etnografia do distrito de Setúbal.

No encontro que encerrou o ciclo de conversas do projeto “Histórias que as paredes contam – 50 anos de muralismo em Setúbal”, Pedro Pina reiterou a necessidade de união, uma vez que “há muitos que, mais ou menos alienados da realidade em que vivemos, estão a lutar por branquear e destruir a Liberdade”.

O vereador da Cultura enalteceu, igualmente, a pertinência do projeto “maravilhoso que dá muito sentido às comemorações dos 50 anos do 25 de Abril”, o qual é dinamizado no âmbito do programa especial “Venham mais Vinte e Cincos”, numa organização da Câmara Municipal de Setúbal com várias parcerias.

No âmbito deste projeto, o sociólogo Bill Rolston, referência internacional em matéria de muralismo, que começou a fotografar murais em 1981 na cidade natal, Belfast, na Irlanda do Norte, veio a Setúbal partilhar o exemplo norte-irlandês desta manifestação artística, das origens históricas aos tempos mais contemporâneos.

Com recurso a murais fotografados ao longo da carreira, Bill Rolston revisitou, entre outros, períodos mais recentes da história norte-irlandesa, com foco nas mensagens muralistas pintadas por grupos paramilitares mais proeminentes como a Ulster Volunteer Force, a Ulster Defense Association e a Ulster Freedom Fighters.

Na visita a Setúbal, o especialista visitou o mural pela paz executado a 28 de janeiro numa parede na Avenida Manuel Maria de Portela, pintado depois de um repto que o próprio lançou ao projeto “Histórias que as paredes contam” para que se associasse à campanha internacional “Painting for Palestine”.

O mural “Uma Janela para um País Livre”, uma transposição do desenho homónimo do artista palestiniano Azhar Al Majed, pintado a várias mãos ao longo de dez horas, com a participação de duas dezenas e meia de pessoas de diferentes origens, idades e formações, foi, entretanto, vandalizado.

“Nunca tivemos um aniversário da democracia portuguesa tão atribulado em que a defesa da Liberdade fosse tão premente”, sublinhou o vereador Pedro Pina, a propósito do ato realizado no mural. “Alguém teve a capacidade de o destruir, sobretudo a liberdade de quem fez esse mural, que não colocou em causa a liberdade de ninguém.”

O projeto “Histórias que as paredes contam” incluiu mais quatro encontros, o primeiro a 5 de setembro, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, com o chileno Alejandro ‘Mono’ González, considerado o mais antigo muralista em atividade, a falar sobre “Muralismo: efémero na malha urbana, perene na memória”.

Seguiram-se “Que lugar para o mural num espaço público sobrelotado?”, a 28 de outubro, na União Setubalense, “O muralismo como meio de comunicação. Alternativo ou coincidente?”, a 25 de novembro, na Casa da Cultura, e “Murais e graffiti – estética e conteúdo na arte política de rua”, a 7 de dezembro, na Escola Superior de Educação do IPS.

O projeto, coordenado pela investigadora Helena de Sousa Freitas, inclui ainda a execução de cinco murais por artistas de diferentes gerações, a organização de duas mostras fotográficas, a publicação de um álbum sobre o muralismo em Setúbal e a realização de um documentário sobre o processo criativo do conjunto de atividades