Vereador da Cultura, Pedro Pina, na abertura das Jornadas Bienais de Estudos Locais

O papel da história local na construção da identidade territorial e a responsabilidade da autarquia na defesa do património material e imaterial de Setúbal foram destacados na manhã do dia 13, na abertura de um encontro realizado no auditório do Mercado do Livramento.


A primeira edição das Jornadas Bienais de Estudos Locais de Setúbal, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, reuniu, ao longo do dia, um conjunto de especialistas para analisar temas de interesse relacionados com vários aspetos da história do concelho, referentes a épocas distintas.

Intervindo na sessão de abertura das jornadas, o vereador da Cultura, Pedro Pina, destacou a importância de “conhecer, estudar e investigar o passado” para melhor perceber o futuro.

O autarca sublinhou também que as jornadas são sinal da importância dada pela Câmara Municipal de Setúbal à história local, destacando o trabalho desenvolvido ao longo dos anos pela autarquia “na promoção de espaços de debate sobre o património material e imaterial do concelho”.

Já o investigador Diogo Ferreira, da Câmara Municipal de Setúbal, que participou nas jornadas como moderador de um painel sobre imprensa periódica, associativismo e festividades, assinalou que o encontro é “uma oportunidade para os historiadores se conhecerem e partilharem mais conhecimento”.

As Jornadas Bienais de Estudos Locais de Setúbal, que, depois desta primeira edição, vai passar a decorrer de dois em dois anos, continuou com uma apresentação a cargo de Beatriz da Silva, que explanou sobre a presença de judeus em Setúbal durante o século XV.

“A comunidade judaica de Setúbal habitava o espaço central dentro das muralhas, entre Santa Maria e São Julião. Para todo o século XV, há referência de 120 judeus em Setúbal, a maioria eram profissionais dedicados aos têxteis”, divulgou a historiadora.

O encontro prosseguiu com uma intervenção de Ana Cláudia Silveira, investigadora que falou do protagonismo, durante a época medieval, das instituições locais de assistência, como a Confraria de Nossa Senhora da Anunciada ou o Hospital de João Palmeiro, que davam, por exemplo, apoio a peregrinos.

O primeiro painel das Jornadas Bienais de Estudos Locais de Setúbal, moderado pelo chefe do Gabinete de Promoção e Divulgação do Património Histórico, José Luís Catalão, contou ainda com alocuções subordinadas aos temas “O mosteiro de Setúbal e as freiras clarissas: a fundação e a construção de uma comunidade (finais do século XV e inícios do século XVI”, por Márcia Lima Soares, e “Capelas privadas de Setúbal e Azeitão (séculos XVI a XIX): Uma análise histórica, patrimonial e religiosa”, a cargo de Rui Mesquita Mendes.

“A maior parte das pessoas chama convento ao mosteiro de Jesus, que é o nome mais apropriado, porque acolhia monjas”, referiu Márcia Lima Soares, para depois referir aspetos relacionados com as caraterísticas arquitetónicas do equipamento e a fundação por iniciativa de Justa Rodrigues.

Já Rui Mesquita Mendes enumerou várias ermidas e capelas particulares de quintas que existiam nas freguesias do concelho, como a “capela da antiga Quinta dos Ciprestes”.

No segundo painel, intitulado “Atividades Económicas Locais”, em que Leonor Soares moderou, Ricardo Fernandes analisou o tema “O sal de Setúbal e as relações comerciais com os Países Baixos durante a segunda metade do século XVII”, enquanto António Serra e Marisa Duarte abordaram “Os citrinos setubalenses nas décadas de 50 e 60 do século XIX, segundo dados de J. C. de Almeida Carvalho”.

À tarde, no terceiro painel, sobre “Imprensa Periódica, Associativismo e Festividades” e moderado por Diogo Ferreira, o tema “O quotidiano impresso: a relevância da análise de periódicos da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX em estudos locais. O caso de Setúbal” foi exposto por Pedro Fernandes e o tópico “População e bairrismo: o São Domingos Futebol Clube e o desporto em Setúbal (1921-1945)” esteve a cargo de João Santana da Silva e Eupremio Scarpa.

Este terceiro painel terminou com “A coleção de ementas de banquetes do espólio Américo Ribeiro”, por Alberto Sousa Pereira.

Além de uma apresentação sobre “Francisco Augusto Flamenco (1852-1915). Um pintor de Setúbal”, por Francisca Ribeiro, o quarto e último painel do encontro, intitulado “Arte, Identidade e Museologia” e moderado por Iris Catralo, inclui as abordagens de Lourenço Morais e Ana Rita Grosso sobre, respetivamente, “O Escritor e a Cidade: de Sebastião da Gama para Setúbal; de Setúbal para Sebastião da Gama” e “O Museu está na Rua’. E agora?”.

As I Jornadas Bienais de Estudos Locais de Setúbal incluem, a 14 de outubro, entre as 10h00 e as 12h00, um passeio a bordo da embarcação Maravilha do Sado.

 

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