Comemorações dos centenários de Joana Luísa e Sebastião da Gama ! Conferências Ler Sebastião da Gama - Pedro Mexia

As características que conferem singularidade a Sebastião da Gama, como uma forte perceção da realidade, foram destacadas pelo crítico literário Pedro Mexia em conferência das comemorações do centenário do poeta e da mulher, Joana Luísa.


No encontro, integrado no ciclo “Ler Sebastião da Gama”, realizado ao fim da tarde de sexta-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho, com organização da Câmara Municipal de Setúbal, da Junta de Freguesia de Azeitão e da Associação Cultural Sebastião da Gama, Pedro Mexia abordou a “sinceridade da poesia” e a “humildade” de um homem que deixou marcas na comunidade.

“Alguns poetas têm a particularidade de deixar uma imagem duradoura de si próprios. Quando Sebastião da Gama morreu, foram publicados números especiais de homenagem em duas revistas de quadrantes opostos, a Távola Redonda e a Árvore. Além disso, vários escritores dedicaram-lhe poemas. Isto significa que há qualquer coisa, que há um fenómeno.”

Ao lado do presidente da Associação Cultural Sebastião da Gama, Lourenço de Morais, e perante o vereador da Cultura, Pedro Pina, o poeta, cronista e crítico literário enalteceu a “sinceridade revelada em todos os poemas” e o “grande interesse” do poeta azeitonense pela natureza, “ao contrário do que acontece em boa parte da poesia portuguesa, onde os poetas se centram mais no ‘eu’ e na subjetividade”.

Para Pedro Mexia, o poeta azeitonense, demostra que “não é impossível cultivar o ‘eu’ e ao mesmo tempo ter a perceção da natureza e do espaço que o rodeia e um certo sentimento de solidariedade”.

Pedro Mexia centrou uma boa parte da conferência na análise do “Diário”, texto publicado postumamente no qual Sebastião da Gama partilha a experiência como professor e que é revelador da humildade e da forma como o poeta azeitonense tinha a perceção do que o rodeava.

“Neste livro, não há uma contemplação extasiada do ‘eu’. É um diário sem máscara, no qual não tem de disfarçar os seus pensamentos e experiências e no qual nem sempre a voz que fala é a de Sebastião. Boa parte dos textos são excertos de trabalhos de alunos.”